Opinião

EDITORIAL | Apagão, um risco a mais

EDITORIAL | Apagão, um risco a mais
Crédito: REUTERS/Pawel Kopczynski

Para os brasileiros, mais um sinal de inquietação, de tormenta à frente. Não há como interpretar de outra forma o fato, pouco comum, de o ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, convocar a rede nacional de rádio e televisão para suas preocupações com a evolução da crise energética, adiantando que o problema se concentra na região Centro-Sul do País, exatamente a de maior consumo, onde os reservatórios das principais usinas hidrelétricas estão em níveis bastante baixos, críticos em alguns casos. O ministro adiantou, com prudência, que uma situação de racionamento não deve ser descartada, adiantou que as medidas possíveis estão sendo tomadas e pediu colaboração da população, no sentido de reduzir tanto o consumo de energia quanto de água, ajudando a evitar danos maiores.

Existem de fato múltiplos motivos para preocupação. A seca este ano foi, no País, a mais severa em 91 anos e somente na região Norte ocorre o contrário, porém não o suficiente para equilibrar oferta e demanda, mesmo com o sistema elétrico já totalmente interligado.

No governo, especialistas da área concordam que a situação é delicada, mas acreditam ser possível evitar o pior – racionamento ou apagões –, com cuidados como a proposta de alternância no funcionamento da indústria e do comércio, distribuindo melhor o consumo ao longo do dia. São os momentos de pico que são também os de maior risco. Lembram também que, hoje, a hidreletricidade representa 61% do consumo e que fontes alternativas, como energia solar e eólica, além das térmicas, já têm um peso que, na prática, é relevante na comparação com crises anteriores. Mesmo diante desses argumentos, recomenda-se o máximo de prudência e a maior velocidade possível na adoção de providências recomendáveis. Nada, em suma, que guarde algum tipo de semelhança com a atitude diante da pandemia.

Em síntese, é o que recomenda o engenheiro Aloísio Vasconcelos, ex-presidente da Eletrobras, que em declarações a este jornal reclamou exatamente velocidade nas decisões, lembrando que o País, felizmente, dispõe de centros de excelência na matéria. Um recado importante, também ao lembrar que no setor industrial ganhos de eficiência são possíveis e fariam grande diferença. E emenda, sugerindo que seja criado uma espécie de gabinete de crise, porém ocupado pelos verdadeiros conhecedores do tema, que têm respostas técnicas e podem evitar soluções políticas desastradas.

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