Opinião

EDITORIAL | Armadilha desmontada

EDITORIAL | Armadilha desmontada
Crédito: Adobe Stock

O conceito de estado mínimo, seriamente abalado pela pandemia, é produto de exportação dos países ricos ocidentais. Com muita esperteza, trata-se, simplesmente, de reservar boas oportunidades, as melhores, para o seu portfólio de negócios. Na realidade, ensinam os mais íntegros, os estados têm que ser eficientes, inclusive, para que possam prover aos mais baixos custos possíveis, não raro com subsídios, serviços considerados essenciais, aqueles que devem existir para atender à população, inclusive garantindo competitividade à economia, não exatamente para gerar ganhos, dividendos, que fazem a festa das bolsas de valores.

Tocando no assunto, estamos mais uma vez retornando à questão das privatizações, tão do agrado de gente que acha razoável que serviços de esgotamento sanitário podem e devem gerar lucro para investidores particulares. Vale também lembrar que os que alimentam, de fora, estas teorias, são exatamente os mesmos que deveriam lembrar da inconveniente, para eles claro, expressão “faça o que eu digo, mas não faça o que eu faço”. E o assunto volta a este espaço por conta de uma notícia recente, relativa à privatização de duas linhas do metrô da cidade de São Paulo.  Para derreter a ideia de que privatizar significa alcançar eficiência, competição e redução de custos.

Como referência, acidente acontecido com uma composição operada pela concessionária ViaMobilidade. Em mais uma das constantes inundações na cidade, um trecho alagado rompeu a barreira de contenção, atingiu a linha e bloqueou a composição. Daí uma reação em cadeia, afetando grande parte do sistema, com prejuízos evidentes para os usuários. Antes que alguém cuide de lembrar que tudo aconteceu por conta da inclemente natureza, cuidemos de informar que estudos divulgados também na terça-feira pela Secretaria de Transportes demonstram que acidentes e paralisações cresceram significativamente onde houve privatização. É que os investimentos prometidos e pactuados não se materializaram.

Enquanto isso, continuam propalando a ideia de que o Estado é incompetente e  não faz mais que transformar suas empresas em abrigo para os apadrinhados dos poderosos de ocasião. Pode até ser, mas não precisaria ser, desde que haja vontade de fazer bem feito, comprometimento verdadeiro com o interesse público. E não faltam exemplos, como há pouco comentávamos nesse mesmo espaço, de empresas públicas que foram ou são modelo.

Alguém, acaso, ousaria dizer o contrário da Emater, que transformou o Brasil em potência agrícola, ou da Embraer que nasceu, se consolidou, desenvolveu tecnologia e cresceu ainda como estatal? Dois exemplos dentre muitos que podem ajudar a pensar melhor.

Rádio Itatiaia

Ouça a rádio de Minas