Editorial

EDITORIAL | As pesquisas fazem bem?

EDITORIAL | As pesquisas fazem bem?
Crédito: Adobe Stock

Sobre pesquisas de opinião, tomadas no seu sentido mais amplo, temos opinião formada e conhecida. Com a metodologia utilizada, científica e assertiva, é possível demonstrar, ou comprovar qualquer coisa, desde que as perguntas sejam orientadas na direção pretendida. Tanto é possível demonstrar que determinado sabão em pó é o preferido e considerado melhor, tanto quanto na política que o candidato X seria o dono presumível do maior capital de votos. Dependerá sempre das perguntas e a quem ela é dirigida, embora evidentemente existam também institutos isentos que, como gostam de dizer, pretendem apenas captar o “retrato” de um determinado momento.

Na atualidade, e com a eleição se aproximando já sem que os especialistas entendam existir margem de tempo para qualquer mudança que não esteja na linha já largamente apontada, ainda assim surgem “pesquisas” dizendo o contrário, coisa que ninguém parece acreditar, que tem baixa repercussão, mas servem para alimentar redes sociais cúmplices, desinformando e criando confusão. Quem sabe, até ajudando a construir o álibi para futuras acusações de fraude no processo. Outro ponto a ser considerado é que os resultados antecipados também podem provocar outro tipo de distorção, por exemplo, daqueles que votam no vencedor apontado, simplesmente porque são atraídos pelo ganhador, num processo psicológico conhecido. E o contrário, votante que tem simpatia por alguém que está mal avaliado mas que não embarca na canoa do perdedor.

Tudo isso e mais o tal “voto útil” de que tanto se fala presentemente, pelo menos na visão de puristas que buscam um ideal talvez fora de alcance, acabam podendo ser definidas como distorções do processo, frutos indesejados das pesquisas de opinião que sabidamente são instrumentalizadas. Ao ponto de existirem partidos, patrocinadores de candidatos, que chegam ao ponto de encomendar duas pesquisas, uma para uso interno e orientação, outra para divulgação e publicidade. Não é preciso ser bom entendedor para saber do que estamos falando.

Conforme foi dito acima, tudo leva a crer que o resultado da votação de outubro já pode ser antecipado sem margem de erro, havendo dúvidas apenas se a vitória acontecerá ainda no primeiro turno. Tanto isso parece verdade quanto o nosso entendimento de que na votação, qualquer votação, o processo seria mais cristalino, mais legítimo até, se não houvesse a indução, queiram ou não, provocada pela divulgação de pesquisas, não por acaso e um tanto hipocritamente proibidas na reta final.

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