Opinião

EDITORIAL | Assim não pode ficar

EDITORIAL | Assim não pode ficar
Crédito: Alan Santos/Presidência/Divulgação via REUTERS

Alguém já disse que se uma situação pode piorar, ela tende a piorar e parece ser exatamente esta a situação em que se encontra o Brasil presentemente. Na semana que termina, o presidente da República, falando numa manifestação cuidadosamente preparada para isso, investiu contra os poderes Legislativo e Judiciário, chegando a ofensas e ameaças pessoais.

Teria cometido, na avaliação do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), crime de responsabilidade, passível de remoção do cargo, desde que assim também entenda o presidente da Câmara dos Deputados. Definitivamente não foi pouca coisa, em termos de ameaças claras às instituições e à própria democracia que, curiosamente e claramente tentando inverter a situação, o presidente da República diz estar defendendo.

Um processo ensandecido que bem reflete a deterioração da política em nosso País, bem como a fragilidade das instituições que, em tese, lhe dão sustentação e rumo. Não será muito dizer que depois de muitas ameaças a corda foi rompida, estreitando a um limite igualmente perigoso o espaço da reconciliação e do entendimento. E não por virtude ou bom senso, mas apenas diante da constatação que o único movimento que o País faz presentemente é exatamente na direção  contrária ao desejável e necessário.

Reagir, aprumar e tomar a direção correta é bem mais que divulgar documentos ou declarações condenando a radicalização e reclamando concórdia, um comportamento que mais uma vez na história, tantas vezes repetida, do sapo que colocado numa panela que vai esquentando aos poucos não reage e acaba morrendo queimado. Sim, é preciso concórdia mas não no sentido da composição, do arreglo ou da acomodação, para que tudo permaneça como está.

O verdadeiro desafio que temos pela frente certamente não é o do voto impresso e sim o da recuperação da economia, como retomada da produção, do consumo e do emprego ou, antes, de alimentar os milhões de brasileiros que passam fome.

É, ainda longe de terminar, da pandemia e do que fazer na sequência, da crise hídrica que pode nos remeter a outra forma de escuridão. Em síntese, é o desafio da gestão pública moldada nos padrões de competência que são necessários, livre dos vícios que fazem o País voltar a ser comparado a uma república de bananas.

É o monumental desafio da união, do entendimento elementar de que, definitivamente, como está não pode ficar.

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