Opinião

EDITORIAL | Atraso a vencer

EDITORIAL | Atraso a vencer
Crédito: freepik

Deixando de lado por um momento os temas políticos mais atuais e mesmo que o que será dito adiante tenha muito a ver com gestão pública e, portanto, a própria política, passemos a um assunto igualmente de enorme relevância e atualidade. Estamos falando de pesquisa internacional relativa ao que é chamado de competitividade digital, realizada anualmente com participação, no Brasil, da Fundação Dom Cabral (FDC).

Para um país que se imagina, de uma forma ou de outra, caminhando para o futuro, os resultados não poderiam ser mais desanimadores. Indo direto ao ponto e conforme está publicado no DIÁRIO DO COMÉRCIO: “No rol, que analisou a capacidade de 63 economias mundiais em explorar novas tecnologias digitais, o Brasil figura na pouco prestigiada posição de número 52, uma abaixo da conquistada no ano passado.”

Bastante detalhada, a pesquisa indica e pontua os pontos mais relevantes para aferir a posição de cada país avaliado e em todos eles o Brasil não alcança posição sequer mediana. E não se imagine que este seja o resultado a ser esperado de políticas públicas inadequadas e limitadas. Segundo o professor Carlos Arruda, do núcleo de inovação e empreendedorismo da FDC, a surpresa negativa este ano ficou por conta do fator empresarial. O próprio professor foi quem explicou ao DC: “O esforço das empresas para se tornarem 4.0 não tem sido o suficiente. Vimos avanços na infraestrutura e proteção da privacidade, mas na dimensão da gestão empresarial não nos desenvolvemos”.

Pior, constata-se que estamos involuindo também nesse campo e a falta de investimento, mais amplamente em tecnologia, limita ou anula a capacidade de o País participar das cadeias globais de produção. As empresas que não forem digitais não terão oportunidades. E algo que não depende exclusivamente de providências objetivas ou investimentos. Depende também de deter a fuga de cérebros, atrair mão de obra estrangeira altamente qualificada e, no final das contas, perceber que nosso País demonstra ter uma atitude favorável à adoção de novas tecnologias, sem resistências a mudanças. A resposta estaria então na falta de recursos e capacidade de investimento na escala e velocidade necessárias?

Certo é que, nessas circunstâncias, fica bastante difícil imaginar o Brasil inserido num cenário de competitividade global, a verdadeira alavanca capaz de propiciar as mudanças pelas quais todos se dizem tão ansiosos. Em resumo e para concluir, um tema tão atual e tão relevante que obrigatoriamente deveria constar da pauta dos candidatos que dentro de pouco mais de três semanas disputarão a preferência dos brasileiros para ocupar a cadeira presidencial.

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