Opinião

EDITORIAL | Aventuras de Trump

EDITORIAL | Aventuras de Trump
Crédito: Eva Marie Uzcategui/Reuters

Vêm à tona, nos Estados Unidos, graves acusações ao ex-presidente Donald Trump, implicando-o diretamente nas desastradas articulações visando anular as eleições presidenciais, que culminaram com a invasão do Congresso. Fatos sem precedentes na história política do país ou, em pouco mais de 200 anos, primeira tentativa de golpe, a todos os títulos comparável a acontecimentos ocorridos em países, na banda Sul do continente americano, que eles próprios definiam como “repúblicas de banana”. As apurações em andamento, pautadas por seriedade e independência, comportamento a que não se furtam os próprios republicanos, vão aos poucos expondo a verdade nua e crua.

Trump, sobre quem pairam dúvidas também sobre suas faculdades mentais, não esperava e não aceitou a derrota, baseando sua estratégia em tentar desacreditar o complexo sistema eleitoral de seu país. Tentou até o último instante, mesmo depois de concluídas as apurações e apontado o vencedor, conspirando para que o resultado não fosse formalmente declarado. Antes disso, comprovou-se agora, incitou seus correligionários para uma grande manifestação diante da Casa Branca, de onde partiria uma marcha em direção ao Capitólio. “Parem o roubo”, bradava, desmentindo sua versão de que não ajudara a precipitar os acontecimentos. Tudo, é claro, numa grande farsa onde não há como observar  mínimo sinal da sempre alegada fraude.

Algo muito perto de uma opereta bufa, muito distante do país que se apresenta como a maior democracia do planeta. Trump tentou cooptar militares e falhou redondamente, tentou o mesmo com o Judiciário e o resultado não foi diferente, restando-lhe então a manobra final de tentar pressionar os congressistas para que não fosse reconhecido o resultado da votação. Para que não pairem dúvidas sobre o clima e as intenções na Casa Branca, uma das assessoras próximas do presidente e parte do staff  responsável pela organização da marcha ao Congresso declarou agora que ficara acertado que, em caso de insucesso, o próprio presidente definiria os acontecimentos como “inesperados”.

A ação em curso no Congresso obedece a um ritual meramente político, mas, diante da gravidade do que já foi apurado, muitos têm como certo, suas conclusões serão encaminhadas à Justiça, para se transformar num processo criminal que pode terminar em cadeia, além de cassação política, para o principal acusado e outros dos envolvidos

Difícil deixar de perceber os pontos em comum com o que se passa no Brasil, cabendo esperar que o exemplo que vem de Washington baste para esfriar o ânimo, ou apetite, daqueles que, por enquanto, focados nas urnas eletrônicas, tentam repetir o mesmo roteiro.

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