EDITORIAL | BH merece um futuro melhor

A aceleração do processo de urbanização no País, acentuada a partir da segunda metade do século passado, produziu efeitos pelos quais a sociedade brasileira paga, hoje, elevado preço. Cabe lembrar que houve uma inversão, com o conjunto da população, até então predominantemente rural, se deslocasse para as áreas urbanas, num processo sem controle e sem planejamento. As cidades brasileiras, principalmente as capitais, apenas incharam, sem que os investimentos públicos minimamente tenham acompanhado este processo, daí resultando as limitações que são hoje bem conhecidas, seja nos serviços elementarmente básicos, como saneamento, educação e segurança pública, ou no que toca à saúde, mobilidade, etc.
Crescimento contínuo de um lado, restrições orçamentárias de outro, definitivamente não representam uma boa combinação e Belo Horizonte, que multiplicou de tamanho várias vezes em pouco mais de cem anos, não foge à regra. Muito possivelmente sofreu até mais à falta de suporte para grandes obras de infraestrutura, notadamente de mobilidade. E mais que recursos e de obras, faltou, principalmente, planejamento. Tudo isso nos ocorre a propósito da sanção, pelo prefeito Alexandre Kalil, do novo Plano Diretor da cidade, que vinha sendo discutido na Câmara Municipal desde 2015 e foi finalmente aprovado.
Trata-se essencialmente de nova tentativa de disciplinar a ocupação dos espaços urbanos e de novas construções consequentemente, tentando minimizar o impacto consequente. Faz sentido e é necessário para que, pelo menos, as distorções não prossigam e se agravem, levando a degradação do espaço urbano a um ponto sem retorno. O Plano deve ser entendido como ponto de partida, esperando-se que se desdobre num processo de planejamento mais amplo, estrutural e que não se altere com as mudanças de governo.
Um plano centrado na descompressão e na integração com a Região Metropolitana, possível e necessária desde que a questão da mobilidade seja melhor abordada, com mais empenho na implantação efetiva de um sistema de transporte de massa e com a construção, finalmente, do Anel Metropolitano, além da readequação e modernização do atual Anel Rodoviário, que seria completado na sua banda Sul. São obras essenciais, já bastante atrasadas e condicionantes de um futuro melhor para Belo Horizonte, seu entorno e moradores.
As dificuldades não são pequenas e por isso mesmo é preciso que as autoridades locais e o conjunto da população aprendam a pensar grande e façam do Plano Diretor o ponto de partida.
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