EDITORIAL | Boas notícias na Petrobras
A Petrobras anda colecionando notícias boas que, pelo menos em parte e em meio a um ambiente adverso, não tem alcançado a desejável repercussão. Para começar, nos primeiros dias do mês que está terminando, o anúncio dos resultados no segundo trimestre do ano. Entre os meses de abril e junho a estatal apresentou os melhores resultados em sete anos, apurando um lucro líquido superior a R$ 10 bilhões. Em apenas três meses, mais que toda a rapina – ou pelo menos a identificada – promovida pela rede de corrupção montada dentro da estatal, para benefício, principalmente, de partidos políticos e alguns de seus caciques.
A ideia de que a Petrobras havia sido esfolada e entrado num processo agônico parece desmentida pelos fatos, assim como a ideia de que o mais inteligente a fazer seria esquartejá-la e vendê-la, ainda que a preço de liquidação. Pesam, nesses resultados, a valorização do petróleo no mercado internacional e a flutuação do câmbio, além da controvertida política de preços praticada no mercado interno, que transfere para os bolsos dos consumidores o custo da especulação externa. E sem nenhuma relação, racional, justificável, com os custos efetivos da empresa, exceto pela injustificada dependência em relação a combustíveis refinados.
Tudo isso sugere, pelo menos para quem está mais preocupado com o Brasil que com a sorte de investidores na Bolsa de Nova York, que defender a Petrobras começa por reconhecer seu papel estratégico para o País. Conceito que, aliás, deveria ser reforçado por uma outra notícia que chegou às páginas dos jornais nestes dias. Ela dá conta de que a estatal deverá colocar em operação, ainda neste ano, mais seis plataformas para extrair petróleo no mar e outras duas no próximo ano. Isso significa que a produção atual, avaliada em 2,6 milhões de barris/dia, será elevada em 46%, o que representa mais 1,2 milhão de barris/dia na conta da produção brasileira.
Em termos de volume bruto, algo bem além do necessário para assegurar ao País autossuficiência, condição que só não nos é mais favorável por conta da estratégia equivocada dos últimos anos de desinvestir em refino e agora, pior, de vender ativos nessa área. O bom senso, para não dizer o foco naquilo que mais interessa ao País, recomenda justamente o contrário e nesse contexto surge uma terceira notícia positiva. Estamos falando da retomada das obras no Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro, o Comperj, onde a farra dos desvios, propinas e contratos superfaturados atingiram seu auge, conforme as investigações da Operação Lava Jato.
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Uma retomada importante de alto simbolismo, confirmando que a Petrobras, mesmo que duramente saqueada e posteriormente atacada, tem saída, tem como cumprir seu papel estratégico para o País e também como defender riquezas que são a melhor garantia de um futuro melhor para todos os brasileiros.
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