Opinião

EDITORIAL | Bom senso foi embora

EDITORIAL | Bom senso foi embora
Crédito: Antonio Augusto - TSE

Neste país em que o que é costuma guardar pouca ou nenhuma semelhança com o que parece, a campanha eleitoral ainda não começou, coligações e candidaturas não estão definidas e o calendário eleitoral não começou a rodar. Pelo menos é o que dizem os candidatos assumidíssimos, mas, para efeitos legais, preferem responder, se indagados, humildes, que estão aguardando a necessária convocação que, se existir, não poderá ser declinada. Nesse clima farsesco não espanta o que vem depois, tanto quando a constatação de que a próxima campanha começa exatamente no dia da posse do eleito, geralmente dono do maior apetite por um segundo mandato mas que prefere o discurso pronto, com a declaração de que seus únicos compromisso e ambição é cumprir bem suas obrigações.

São observações que nos ocorrem a propósito do fato de que a campanha corre solta, os candidatos que de fato estão na disputa são mais que conhecidos, mas a farsa prossegue. Dela tivemos mais um bom exemplo esta semana, agora por conta do Partido dos Trabalhadores (PT), que, se estão certas as pesquisas de intenção de votos, tem pela frente mais um mandato presidencial. Participando dessa crença mas cuidando sempre de lembrar que por enquanto tudo são hipóteses, gente do partido andou dizendo que para o Brasil escapar dos problemas que enfrenta no campo econômico será preciso flexibilizar as regras fiscais, criando condições para que o gasto público volte a ser o motor do crescimento. Inclusive com previsão de gastos emergenciais que produzam algum fôlego para o enfrentamento dos problemas mais urgentes. Argumentam, sempre lembrando que falam em tese e por conta própria, que esse movimento inicial, que implica riscos, também propiciaria o retorno que ajudaria o País a sair da inércia mais rapidamente.

Em tese faz sentido, como faria mais sentido ainda eliminar as gorduras, a ineficiência e outros vícios próprios do Estado brasileiro, para que assim fosse possível sustentar de maneira mais natural e menos arriscada uma política permanente de investimentos, coisa que faz muito tempo não acontece. Em bom português, estamos querendo dizer que enquanto os teóricos falam em gastos, gostaríamos muitíssimo de ouvir alguém falando, mesmo ainda durante a campanha, que não existe, em qualidade dos gastos, onde fosse possível por exemplo apagar o “secreto” que acompanha gordas verbas que vão sendo distribuídas, hoje, entre parlamentares, quase todos não mais que amigos de ocasião.

Resumindo, e para que sobre algum tempo quando a campanha eleitoral começar, bastaria lembrar que a equação é bastante simples: o Brasil é um país que gasta muito e gasta mal. Com um choque de realismo as soluções ficarão mais próximas.

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