Opinião

Editorial | Café mais saboroso

Editorial | Café mais saboroso
Crédito: Divulgação/Seapa

As vendas externas de café brasileiro somaram, entre janeiro e outubro, 33,27 milhões de sacas vendidas a 119 países, volume que representa queda de 6,3% sobre o ano anterior, porém com aumento de 7% no faturamento. Um resultado que surpreendeu positivamente, posto que a expectativa do setor era de baixa nos negócios este ano. Quando se observa melhor os dados divulgados, verifica-se que o principal importador é os Estados Unidos, com 6,46 milhões de sacas, seguindo-se Alemanha (5,47 milhões de sacas), Itália (2,38 milhões de sacas) e Bélgica (2,27 milhões de sacas). Na soma total dos negócios envolvendo café, o produto solúvel, de maior volume agregado, representou 9,8% das vendas e o café torrado e moído não foi além de 0,1%.

As bases da economia brasileira, a partir da segunda metade do século dezenove, foram assentadas na cafeicultura, de onde saíram os capitais para as primeiras grandes empreitadas na indústria, ainda sem o concurso de capitais externos. Este dado histórico é bastante para referendar a importância do café que se mantém, hoje liderado pela produção de Minas Gerais. Cabe notar, no entanto, que embora seja o maior produtor do grão no mundo, o Brasil não tem participação relevante na produção e comercialização do café industrializado, hoje, de longe, a parte mais relevante e rendosa.

Não é casual o fato de que os três maiores importadores – Estados Unidos, Alemanha e Itália – são dominantes no mercado mundial, principalmente na produção e venda de cápsulas, hoje largamente utilizadas e onde o valor inicial da matéria-prima se multiplica várias vezes. Alguém já anotou, a propósito, que um grama de café em cápsula custa mais que um grama de ouro? Até mesmo em relação ao café torrado e moído o Brasil se mantém distante do mercado externo, ao contrário da Colômbia, por exemplo, que soube fazer do produto uma marca nacional. Em síntese, o País faz os maiores esforços, mas perde as melhores oportunidades.

Vale comemorar, com se faz agora, os resultados obtidos mas com certeza seria mais inteligente focar atenções e esforços nas oportunidades perdidas, mudando o quadro que continua sendo desfavorável ao nosso País. No café e no agronegócio em geral, em que o Brasil vem se destacando em posições de liderança, o grande segredo, o grande salto, será dado com o incremento do beneficiamento e da industrialização, o que significa transferir para dentro das fronteiras nacionais, para mãos brasileiras, a parte mais atraente desse negócio. Olhar e trabalhar nessa direção e com este objetivo é, possivelmente, a grande oportunidade reservada ao País.

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