Opinião

EDITORIAL | Caminho tortuoso

EDITORIAL | Caminho tortuoso
Crédito: Renan Silva/Flickr

No Brasil, ainda, há imprevisibilidade de um sistema político, dependente de reformas estruturais nada convenientes para aqueles que deveriam promovê-la. Uma situação que se reflete no Executivo, nas esferas administrativas, de alguma forma diluindo o impacto das ações corretivas, que não ganham o alcance necessário e desejável, principalmente para os investidores externos, que identificam oportunidades, talvez únicas, no Brasil, mas também identificam fatores de risco que os imobiliza. Entre os vizinhos latino-americanos, turbulência crescente e, dessa forma, a imprevisibilidade que se repete também em países europeus e até nos Estados Unidos, onde corre presentemente um processo de impeachment contra o presidente da República, enquanto não se definem, entre altos e baixos, as relações entre as duas maiores economias do planeta.

Tudo isso produz inquietações e reflexos concretos na economia, no caso brasileiro bem simbolizado pelo surpreendente desinteresse com os leilões de campos petrolíferos e, igualmente, com a variação cambial, com o dólar alcançando valores nunca dantes registrados. Com este ponto em particular, o governo não se diz preocupado, lembrando que as reservas cambiais do País representam lastro adequado e ganham valor com a movimentação atual. Assim não pensam os empresários que dependem de importações,  temerosos de uma situação que não teriam como sustentar por muito tempo.

Cautela é atitude sempre recomendável nessas horas, assim como a observação responsável, capaz de ditar, se necessário e com a devida agilidade, mudanças que possam se fazer necessárias. Vale para o Executivo, especialmente num país de economia ainda muito centralizada, vale para os políticos e agentes públicos em geral, dos quais se espera que afinal foquem suas atenções no que é realmente essencial, vale para os agentes econômicos privados, que acabam sendo os mais penalizados.

Nesse mundo turbulento e com um grau de incertezas bastante grande, não se pode desconhecer que a flutuação do câmbio é também o sinal de que a insatisfação que está no ar, impulsionando movimentos das mais diferentes tendências e abalando governos, já foi captada, tornando-se fenômeno que não é prudente ignorar, especialmente numa conjuntura em que a economia perde forma, a pobreza aumenta assim como a concentração da renda. Tudo isso significa redução da renda, menos produção e menos consumo, nada, portanto, que possa interessar a quem tenha um mínimo de bom senso. Ou, antes, preocupação em que o Brasil, encontrando seu caminho, possa se aproximar do futuro há tanto adiado.

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