EDITORIAL | Caminhos de Minas

Empresário bem-sucedido, político neófito e tão discreto que consegue passar despercebido até num comício, Romeu Zema enfrentou na sua primeira quadra à frente do governo mineiro um somatório de problemas sem paralelo, a começar pela pandemia. Sua recondução ao cargo no último domingo traduz reconhecimento ao trabalho realizado e ao peso das dificuldades que, espera-se, será menor nos próximos quatro anos.
Obrigado a lidar com um desequilíbrio fiscal paralisante, herança de gestões anteriores e que chegou ao ponto de comprometer mesmo o pagamento do funcionalismo, Zema fez da austeridade a sua marca e, se não devolveu tranquilidade aos gestores do Tesouro, com certeza os livrou de aflições ainda maiores. Para isso também contribuiu a atração de investimentos, nas circunstâncias, externas inclusive, de volume significativo.
Para frente, o próprio Zema enxerga tempos melhores, com a expectativa de realizações que, sobretudo, beneficiem a camada mais pobre da população, começando da maior oferta de serviços básicos, cobrindo lacunas evidentes, e ampliando o mercado de trabalho. São esforços esperados, mas que precisam acontecer num contexto diferenciado e este poderá ser o papel mais importante do governador no seu segundo mandato. É fato objetivo e reconhecido que Minas Gerais perdeu espaço na vida política nacional, onde seu protagonismo, além de histórico, foi decisivo. Esta situação, talvez explicada pelo envelhecimento de suas bases políticas sem a renovação necessária, é um dos grandes desafios que estão colocados. Minas precisa recuperar seu espaço e sua influência, inclusive para não ficar de lado também na gestão pública.
Reposicionado o Estado precisará redefinir o futuro a partir de um projeto permanente, fundado nas suas bases e vocação econômica mas focado na inovação e no planejamento num horizonte mais largo. Como já foi feito antes, cabe novamente indagar o que somos e, sobretudo, o que pretendemos ser, a partir de vantagens competitivas que nos são amplamente favoráveis. Essencialmente, tudo isso para fundamentar mudança de atitude. Uma política de resultados, com os instrumentos que o setor privado consagra, como o planejamento, e que Zema conhece muito bem.
Como ele próprio já disse, o primeiro mandato foi de sacrifícios, o segundo será de realizações. Que assim seja. Minas, que é hoje uma espécie de retrato do tempo perdido e de desvios indesejados, carrega também uma bagagem de experiência onde estão os elementos necessários à reconstrução desejada e necessária. Que ela aconteça, eis o que se espera do governador Romeu Zema.
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