Opinião

EDITORIAL | Candidatos fora de hora

EDITORIAL | Candidatos fora de hora
Crédito: Carolina Antunes/PR

O presidente Jair Bolsonaro completa seu primeiro ano de governo e tem mais três pela frente, com possibilidade de um segundo mandato. O primeiro ano, dizem os estudiosos, independentemente de quem ocupe a cadeira presidencial, é de acomodação, a partir da formação da equipe e estruturação do plano de trabalho que, por suposto, rendeu votos e vitória ao candidato. No segundo ano, novas políticas e novas diretrizes, por suposto destinadas a fazer melhor, são implementadas, ficando os dois anos restantes destinados às realizações que viabilizarão ou não uma nova candidatura e, tanto melhor para o postulante, uma nova vitória.

O princípio da reeleição, que em tese faz todo sentido, tem exatamente estes propósitos. Estimular a boa gestão e por essa via única credenciar aquele que por ela responde, a um segundo mandato, ou um mínimo de tempo para que um programa de governo bem construído possa ter princípio, meio e fim. Em teoria e na realidade guardando distância do que de fato se passa em nosso País, com a política alimentada por projetos de poder, nunca de governo. O caso presente não parece em nada diferente.

O senhor Bolsonaro se apresentou candidato à Presidência da República garantindo que renunciaria ao direito de pleitear um segundo mandato. Como seus antecessores, que repetiram a mesma ladainha, demorou pouco para mudar de ideia, repetindo também que se fosse convocado, ou se não houvesse outro nome à altura, não fugiria à missão. Claro que o atual presidente não está sozinho nesse discurso, não faltando postulantes declarados às eleições de 2022.

O poder pelo poder, quem sabe por seus encantos, mais provavelmente por suas possibilidades. Tem sido assim, todos sabemos muito bem. O grande problema é que este acaba sendo mais um processo paralisante, ou condicionante de todas as ações, independentemente de quanto possa custar o apoio. Recuperar o País, reconstruir de fato o equilíbrio fiscal, garantir investimentos, empregos e renda é uma tarefa monumental, sem contar as demandas reprimidas nas áreas de saúde, educação, segurança, etc. Sobram candidatos fora de hora, mas faltam propostas e programas que avancem além da demagogia ou sejam feitos apenas espelhando as pesquisas de opinião. Qual seria, afinal, o projeto e propostas dessa gente para o Brasil? Qual seria a qualificação de alguns dos candidatos apontados exclusivamente porque são conhecidos e populares?

Diante desse acabrunhante vazio que, ainda por cima e para piorar as coisas, é também paralisante, o que afinal, de bom e melhor, podemos todos, brasileiros, esperar para o futuro?

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