EDITORIAL | Cedo para comemorar

O ex-presidente Michel Temer entregou o governo, ao final de 2018, com um quadro de 630.689 funcionários civis, número reduzido, nos três anos seguintes, a 586.110, equivalente a uma redução de 44.579 servidores, parte deles afastada por aposentadoria. Avanço modesto, longe de atender às necessidades de cobrir contas que não fecham e um déficit persistentemente crescente, mas ainda assim um avanço a ser registrado, até porque o número apontado é o menor desde 2011.
Por outro lado, e segundo a mesma fonte, o número de cargos comissionados, aqueles chamados de “livre nomeação”, somava 22.544 ao final do primeiro trimestre, ou uma redução de 628 cargos na comparação com dezembro de 2018.
Considerado o tamanho do problema, tendo em conta que os gastos com funcionalismo só perdem para a conta de juros e encargos da dívida pública, uma visão realista e responsável será necessariamente comedida nos aplausos pelos resultados apresentados.
Até porque o número de pessoas contratadas por nomeação chegou a 5.299 apenas, 602 a menos que no governo anterior, tantas e tantas vezes acusado de esbanjador, enquanto os atuais governantes prometiam faxina exemplar, lembrando que a torneira dos gastos nunca pode ser maior que a torneira que despeja recursos no Tesouro.
Em resumo, e sempre repetindo os números do Ministério da Economia, houve uma queda de 3,65% nos gastos com o pessoal civil, incluindo ativos e inativos, considerados os primeiros quadrimestres dos dois últimos anos. Na comparação com o governo anterior, primeiro quadrimestre de 18, com janeiro-abril de 21, a economia chega a 6,06%, tendo como medida o IPCA.
Pouco, considerado o tamanho do buraco e, pior, algo talvez sem nenhum efeito consideradas as vantagens com que foram recentemente brindados os integrantes do primeiro escalão da administração federal.
Sobra a conclusão de que é preciso fazer mais, na linha do que foi prometido na campanha eleitoral, raciocínio que conduz à reforma administrativa, em escala capaz de efetivamente reduzir o peso do Estado e os custos implicados, como o fato de que os servidores são contemplados, desde 2001, com reajustes acima da inflação e da evolução da arrecadação, o que significa cavar cada vez mais fundo o buraco do déficit público, tornando mais distante o tão prometido reequilíbrio fiscal e mais próximo o ponto em que poderá ocorrer algum tipo de colapso.
Nada que pareça exagero, nada que possa ser creditado a uma oposição dura demais. Afinal, e por mais de uma vez, tanto o presidente da Republica quanto seu ministro da Economia apontaram o País como muito próximo de quebrar.
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