Opinião

EDITORIAL | Choque de realidade

EDITORIAL | Choque de realidade
Crédito: sidneydealmeida/Adobe Stock

Definitivamente é curta a memória dos brasileiros. Na eleição presidencial de 2018 o mote era o combate à corrupção, em meio a odes à Operação Lava Jato e ao juiz Moro, tudo isso seguido de promessas de austeridade. Todos sabemos que não foi o que aconteceu, com o novo governo, por vontade própria ou conveniência, talvez os dois, rapidamente se ajustado à realidade e suas inesgotáveis conveniências. Resumindo, novamente a cadeira presidencial está em disputa e os candidatos, e não apenas os que efetivamente estão no páreo, agem como se estivessem postulando uma vaga no Paraíso.

Trocam acusações, todos eles, sempre enxergando no outro as culpas, enquanto prometem mundos e fundos, perdendo de vista inclusive que, seja qual for o vencedor, acabará no colo do agora chamado “Centrão”, onde os critérios de apoio obedecem a regras muito peculiares além de suficientemente conhecidas.

Em termos de gestão, na prática, será o mesmo que o prosseguimento de um abissal vazio, proporcional ao esvaziamento do Tesouro ou ao aumento do déficit e da dívida pública. Em resumo e onde houver seriedade não existe espaço para promessas fáceis, como devolver mínimo de eficiência aos serviços públicos essenciais, como saúde e educação, acabar com a fome ou reduzir drasticamente o desemprego retomando obras públicas paralisadas. Quem fizer as contas saberá que nada disso é possível, não pelo menos com a velocidade desejada ou sem que todos os esforços sejam antecedidos por providências voltadas exclusivamente para a austeridade. Gastar menos, muito menos, e gastar melhor, o que demandará esforço extraordinário de redução e reestruturação da máquina pública. Todas elas medidas ditadas pela necessidade e urgência, não mais pela conveniência de uns poucos.

É fato que o desequilíbrio orçamentário, já num ponto crítico, será acentuado no próximo exercício, consequência do que foi feito e deixou de ser feito nos últimos quatro anos, para não contar tudo que foi feito mais recentemente com o objetivo, aparentemente frustrado, de comprar simpatias distribuindo ilusórias facilidades. A despesa está feita e a conta também e este é o fato elementar que deveria estar ocupando todos os candidatos, especialmente os que mesmo prometendo austeridade falam em novos gastos. Precisaremos sim, e muito rapidamente, é de um choque de gestão, consumando-se afinal o tantas vezes prometido corte na própria carne, depois de reduzidas a zero as gorduras. É o que nos aguarda se esperamos, adiante, um horizonte mais positivo.

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