EDITORIAL | Como fazer a diferença

A campanha eleitoral avança, já bem perto da reta final, sem que, a rigor, os candidatos, aí incluídos os que perseguem uma vaga no Legislativo, digam, precisamente, o que pretendem, quais são suas propostas e como pretendem contribuir para que o Brasil retome seus rumos. No centro do palco, com os holofotes apontados na direção dos dois candidatos favoritos, também não é diferente. Um deles diz que vai tudo muito bem e seria melhor não fossem alguns fatores adversos, garantindo que tudo entrará nos eixos se merecer um segundo mandato. Seu opositor diz exatamente o contrário, repetindo críticas que são bem conhecidas e igualmente promete que, se eleito, devolverá a alegria – com um prato de comida – aos brasileiros.
Diante do tamanho dos problemas que já se fazem presentes e das perspectivas de que no próximo ano será muito pior, os discursos se mostram um tanto descolados da realidade, parecendo orientados exclusivamente pelo marketing político. Dizem o que entendem que quer ser ouvido, mas sequer vagamente apontam como os objetivos colocados serão alcançados. Dos demais candidatos, aqueles que desejam chegar ao Legislativo, é ainda pior.
Todos repetem, monocórdios, seus reclames na propaganda política gratuita, alguns mais espertos escondem seus patinhos e no máximo fazem juras de bom comportamento. Resumindo, uma campanha politicamente indigente, em que o tom é dado pela troca de acusações ou ofensas e a grande ferramenta são as mentiras que continuam sendo espalhadas pelas redes sociais, desorientando ainda mais os eleitores.
Diferença mesmo, em relação a campanhas anteriores, ocasiões em que o pior da política nos é exibido, somente este último ponto, a intensificação da utilização de ferramentas eletrônicas para desorientar, confundir e se possível ganhar simpatias. Tudo às claras, escandalosamente, tendo como pretexto um falso conceito de liberdade de expressão ou de abusos que estariam maculando a democracia brasileira. Liberdade de expressão definitivamente não abriga mentiras, menos ainda convites indecorosos de quem parecem acreditar que eleições têm como única serventia assegurar-lhes vitória. E sem que nem mesmo seja preciso dizer o que, exatamente, pretendem fazer.
A depuração desse processo evidentemente não corre no tempo das nossas urgências e sim no tempo da história, que é diverso. Cabe enxergar, cabe refletir, cabe sobretudo tentar escapar da nefasta polarização, como se estivéssemos todos num estádio de futebol. E é ao eleitor, exclusivamente, que está reservada a possibilidade de começar a mudar de direção, o que significa entender a importância de um Legislativo que se respeite e imponha respeito.
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