Opinião

EDITORIAL | Construção urgentíssima

EDITORIAL | Construção urgentíssima
Crédito: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Ao contrário do ocorrido em outras ocasiões, não parece que a carta-manifesto de alguns dos pesos-pesados da economia brasileira ou as manifestações duras e incisivas dos presidentes da Câmara dos Deputados e do Congresso Nacional, como tantas outras no passado, cairão no vazio. É o que nos contam os bastidores de Brasília e de São Paulo, onde a movimentação tem sido grande nas últimas semanas e a impaciência com o governo central, com o comportamento intempestivo do presidente da República, não é mais disfarçada.

O entendimento geral, conforme o que tem sido dito, é que não é mais possível tolerar erros e omissões que ajudaram a agravar as consequências da pandemia e, ao mesmo tempo, fazer a economia caminhar no que parece ser um beco sem saída.

Políticos, representados por suas lideranças, entendem que não podem mais ficar indiferentes ao que se passa, não aceitavam mais conviver com as impertinências do então chanceler Ernesto Araújo e do ministro Ricardo Salles, sentimento partilhado por lideranças empresariais de alto quilate, um deles afirmando que a paciência se esgotou.

Daí as conversas em andamento, jantares que se sucedem principalmente em Brasília e São Paulo, com a ideia central de que é preciso, e rapidamente, recuperar o prumo e o rumo, impondo uma agenda de transformações. Tudo isso, para completar, com discreta adesão de alguns dos mais graduados militares da ativa, para os quais as Forças Armadas estariam sendo usadas impropriamente.

Interessante assinalar, deixando bem registrado, que nenhum desses movimentos abraça a ideia do impeachment, que consideram um processo demorado e para completar paralisante, o que parece fora de cogitação nas condições que se apresentam. O entendimento é que de uma forma ou de outra é preciso pôr de pé as metas econômicas definidas pelo ministro Paulo Guedes, ampliar e acelerar as medidas sanitárias reclamadas, devolver pragmatismo à diplomacia e tratar a questão ambiental com mais seriedade, passos elementares para que o Brasil reocupe seu espaço natural no cenário internacional e tenha melhores chances de conversar com potenciais investidores.

Tratadas as emergências, o que de alguma forma significa também recuperar a governabilidade e a gestão pública, os atores do processo descrito avançariam na direção da construção de alternativas para a eleição do próximo ano, com o ambicioso propósito de escapar das polarizações para que, afinal, o tão necessário equilíbrio seja reencontrado, calcado num projeto para o Brasil e seu futuro.

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