Opinião

EDITORIAL | Construir o futuro

EDITORIAL | Construir o futuro
Crédito: Adobe Stock

O ministro Fernando Haddad, da Fazenda, abriu a semana com uma reunião com dirigentes da Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp) Ouviu do anfitrião, o mineiro Josué Gomes da Silva, que a indústria representa cerca de 11% do Produto Interno Bruto (PIB) nacional mas contribui com 30% da arrecadação. Um desbalanço que explica o encolhimento da indústria nacional e sua perda de competitividade. Ao mesmo tempo uma distorção que, se corrigida, ajudará o País a reencontrar os rumos do crescimento sustentado. Haddad, por seu turno, disse que trabalha com foco na reforma tributária, exatamente para restaurar o equilíbrio perdido, corrigindo distorções que foram se acumulando ao longo do tempo, inclusive no que toca aos excessos da carga tributária. E emendou que a contrapartida natural será a recuperação do controle fiscal, tudo isso gerando excedentes que financiarão as ações do campo social, igualmente urgentes.

Assim como as conversas em São Paulo pareceram positivas, o roteiro apresentado também faz sentido, especialmente quando o ministro da Fazenda declara que suas propostas não são para atender emergências e devem ser vistas num contexto permanente, de recuperação consolidada da economia nacional. Todos sabemos das urgências e emergências por enfrentar, mas não estará muito longe da verdade quem afirmar que, afora os erros mais recentes, elas existem exatamente porque sempre vivemos da improvisação e do imediatismo, perdendo por completo a noção de planejamento e de futuro, na perspectiva do que desejamos ser, do que desejamos alcançar, e como chegar até lá.

Nesse sentido, exatamente as palavras de Josué Gomes da Silva, que bem podem ser tomadas como a média do pensamento do empresariado brasileiro, soam mais relevantes nesse momento. Como ele disse, a indústria brasileira perdeu competitividade e, consequentemente, encolheu nos últimos 40 anos. Dito de outra forma, aquela mais conhecida e contundente, ficamos mais pobres e mais distantes do mundo desenvolvido no qual, não faz muito tempo, imaginávamos estar ingressando. Sim, em primeiro lugar cabe dar de comer a quem não pode esperar, é impositivo reverter a tragédia dos Yanomami, que simboliza o mal maior. Mas não estamos falando de uma coisa ou de outra e sim das duas. Porque a resposta definitiva, que nos leve a uma sociedade mais justa e mais equilibrada, virá como resultado da prosperidade, com seus resultados adequadamente compartilhados, do desenvolvimento com justiça social. Não pode haver outro caminho, outro futuro que faça sentido.

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