Opinião

EDITORIAL | Correções necessárias

EDITORIAL | Correções necessárias
Crédito: Reuters/Ueslei Marcelino

O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva está completando 100 dias, prazo convencionado como de trégua em relação a opositores e marco das primeiras realizações. Concretamente, apenas mais um daqueles scripts importados não se sabe exatamente por que, para que, mas que setores da mídia insistem em apontar como relevante, base para uma primeira avaliação e, supostamente, também definição de rumos. Claro que não há nenhuma evidência para além da falta de assunto de que isso possa fazer sentido ou tenha uma base, fora do trivial, que pelo menos sustente do hábito, também utilizado em outras circunstâncias.

No mundo real é preciso reconhecer, sem nada a ver com simpatias ou antipatias, que o atual presidente chegou a seu terceiro mandato em momento crítico, diante de um quadro político e administrativo cujas mazelas não encontram precedentes. Numa análise fria e objetiva, o suficiente para o entendimento de que qualquer avaliação agora será precipitada e mais ainda quando focada em resultados. Arrumar a casa, ainda que minimamente, varrer o entulho deixado pela administração anterior, fato absolutamente incontestável, salvo se a fonte for fake news que só tem abrigo nas redes sociais e serve ao imprestável, já terá sido muito.

São constatações que, se calcadas na isenção, não eximem o novo governo de críticas, sobretudo, por indefinições cruciais no tocante aos rumos que pretende trilhar. Nesse sentido, os 100 primeiros dias poderiam ter sido mais bem aproveitados, convém reconhecer, se não para a apresentação de um roteiro mais consistente, pelo menos pelo cumprimento da obrigação de apontar exatamente onde se encontram os entraves que porque não são pequenos não poderão ser removidos se não forem conhecidos. Acomodação, nesse campo, é o mesmo que tentar percorrer em velocidade um terreno pantanoso ou andar sem sair do lugar.

Cabe também pontuar que o presidente da República, que tomou posse prometendo acertadamente atuar para a reconciliação nacional, precisa entender que os palanques já foram desmontados e que só tem a perder se continuar pondo lenha na fogueira em que a oposição ou sua parcela irracional e sem qualquer compromisso que possa ser apontado como aceitável, tenta encontrar seu espaço. Ignorar essa gente, não cair nas suas armadilhas é, na realidade a única atitude que faz sentido, nunca a ela se nivelar como tem acontecido em momentos cruciais.

E quando o presidente Lula manifesta seu desejo de rever a estratégia de comunicação de seu governo deixa a impressão de que possa ter entendido os erros cometidos e, mais, o desejo de corrigi-los. Sem dúvida, o melhor a ser feito.

Rádio Itatiaia

Ouça a rádio de Minas