EDITORIAL | Corrigindo nosso rumo

A conquista do Brasil sonhado por cada um de nós não pode prescindir da democracia. Ela é nosso legado, nosso chão, nosso farol. Cabe a cada um de nós defendê-la e lutar por seus princípios e valores. Não há democracia sem Constituição. Não há liberdade sem justiça. Não há igualdade sem respeito. Não há prosperidade sem solidariedade. A democracia é o melhor dos sistemas políticos que a humanidade foi capaz de criar. Liberdade de expressão, respeito aos direitos individuais, justiça para todos, direito ao voto e ao protesto. Tudo isso só acontece em regimes democráticos.
O texto acima foi retirado do manifesto divulgado no final da semana passada, assinado por um grupo de potenciais candidatos à Presidência da República – de João Doria a Ciro Gomes – nas eleições do próximo ano, explicitando um primeiro gesto de convergência que tem sentido muito relevante nas circunstâncias que se apresentam. Mais que a defesa enfática de valores democráticos, o manifesto traduz um movimento de convergência que, aparentemente, busca criar uma alternativa à polarização que pode se repetir, o que muito provavelmente significaria também repetir erros do passado. Ou manter as condições para o impasse paralisante que tem custado tão caro ao País.
Fala-se em democracia e em liberdade, valores intrínsecos sobre os quais não cabe discutir, menos ainda questionar. Fala-se em direitos, que são também aqueles basilares. Faltou, tristemente, falar mais e com mais ênfase em deveres, responsabilidade e compromisso. Não mais com a leviandade da retórica fácil, produzida pela política de resultados, e sim como consequência do entendimento que estamos todos, na realidade, diante de deveres, de obrigações que por elementar representam também a sustentação possível dos direitos reclamados.
Bom, essencial, que surjam alternativas, calcadas na compreensão de que é possível fazer diferente, não a partir de um projeto de poder, mas sim da disposição de se construir um verdadeiro projeto para a recuperação do Brasil, para o aproveitamento racional de suas potencialidades em favor de um projeto coletivo que aspire prosperidade, mas, conscientemente, obrigatoriamente se compromete a partilhá-la.
Mesmo que não tenha sido percebido, aí reside o alcance mais amplo e mais necessário do movimento esboçado, que vale muito mais pela atitude que propriamente pela diversidade de seus signatários ou por qualquer expressão individual se que possa insinuar. E é nesse ponto que reside a esperança e o alento, num dos momentos mais difíceis já enfrentados em nosso País.
Ouça a rádio de Minas