EDITORIAL | Crise marca a hora de mudar

Nas avaliações de especialistas da área de saúde, o pico da pandemia da coronavírus acontecerá, em Minas, entre o final de abril e a primeira quinzena de maio, período em que a capacidade de atendimento da rede hospitalar poderá ser menor que a demanda.
Estimam também que, mantidas as condições atuais, só se poderá dar a situação por controlada por volta do mês de setembro. Uma experiência provavelmente devastadora e sem precedentes, embora, felizmente, por enquanto menos grave que em outras regiões do País.
O preço a ser pago em sofrimento e perdas humanas sequer pode ser avaliado, enquanto no plano material as avaliações do Banco Mundial são de que o planeta enfrentará a mais severa recessão de todos os tempos. Nessas contas, é claro, está incluído o Brasil, com previsões de que o Produto Interno Bruto (PIB) poderá encolher, já neste ano, até 6%.
Como tem sido dito e repetido, inclusive neste espaço, estamos todos diante de uma situação de guerra, agora para vencer a pandemia e, na sequência, para pôr de pé a economia. Também como já foi dito, cabe entender que a situação demandará ações bem articuladas e coordenadas no plano global, induzindo mudanças que devolvam racionalidade ao sistema econômico, diferentemente do que aconteceu nos desdobramentos da crise financeira de 2008/09.
Não se trata apenas de salvar empresas e empregos, à custa de recursos públicos e produzindo como resultado aumento da concentração da renda, o que em muito ajuda a fazer compreender por que a recuperação não aconteceu como era esperado.
Seguir essa trilha será repetir os mesmos erros e deixar de reconhecer que os trilhões de dólares injetados na economia global em sequência à crise financeira realimentaram a especulação e, ao contrário do que era dito na época, pouco contribuíram para o fortalecimento da economia real, através da produção e do consumo.
As questões sanitárias atuais – estima-se que hoje metade da população mundial está em quarentena – certamente contribuíram, positivamente, para desnudar a realidade. O que virá depois, e assim retornando ao início desse comentário, por certo dependerá da compreensão da realidade, cuja verdadeira natureza o presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte, Marcelo de Souza, nos ajuda a compreender quando lembra que os lucros dos cinco maiores bancos brasileiros somou cerca de R$ 100 bilhões no ano passado, concluindo ser natural e devido que eles agora façam a sua parte.
Quanto menos, acrescentaríamos, por instinto de sobrevivência.
Ouça a rádio de Minas