Opinião

EDITORIAL | Cuidados elementares

EDITORIAL | Cuidados elementares
Crédito: Reprodução Adobe Stock

A corrupção no País, independentemente da escala em que acontece, a rigor tem duas consequências fundamentais. Primeiro onera o Estado e compromete suas finanças; segundo, tornou-se elemento fundamental nos movimentos no campo político, comprando fidelidade e apagando convicções que possam ter existido. Tem sido assim e continua sendo difícil crer que composições mais recentes, na formação da base de sustentação do novo governo, não tenham obedecido aos mesmos padrões. Corrupção é palavra que fica bem nos palanques nas que não serve ao cotidiano da política, da vida pública.

Tristes conclusões e que nos ocorrem agora a propósito dos malabarismos feitos, e repetindo iniciativas anteriores, para garantir aos mais pobres um auxílio de sobrevivência. São milhões de necessitados e bilhões de reais distribuídos, movimentos que parecem ser prato cheio para aqueles que cuidam primeiro dos próprios bolsos. Desde sempre surgem casos de pessoas, quase sempre próximas a políticos, que recebem os auxílios ofertados, embora não apresentem as condições para fazer jus aos benefícios. Até agora passou em branco, embora nessa conta caibam centenas de milhares de beneficiários. Até “patriotas” que andaram fazendo comícios nas portas de quartéis, gente que não tem qualquer escrúpulo de se apresentarem como defensores de valores que desconhecem.

Ainda há pouco foi noticiado, sem contestação formal, que apenas na reta final da campanha eleitoral, 4,1 milhões de beneficiários foram incluídos no Auxílio Brasil sem que seus dados tenham sido devidamente conferidos. Coincidentemente, foi revelado agora, no mês de agosto passado os sistemas de informática que controlam o benefício e seus destinatários sofreram um “apagão” que, digamos assim, muito colaborou com o governo de então, curiosamente desesperado à cata de votos. Não foi a primeira vez e nada indica que tenha sido a última ou que agora os R$ 600 do Bolsa Família, obtidos à custa de malabarismos fiscais, estejam chegando, na sua totalidade, às mãos certas. 

Está claro, claríssimo, que as torneiras que escoam o dinheiro público estão permanentemente mal fechadas, o que parece só piorar em operações de grande abrangência, muito pulverizadas, como as que são objeto desse comentário. Seja o roubo puro e simples em favor de algum apadrinhado que não se enquadra, seja por descuido, por falta de controle. Afinal, porque maiores preocupações, se estão todos lidando com dinheiro que não tem dono mesmo.

A conclusão autoriza a cobrança, lembrando que estamos falando de cuidados elementares.

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