EDITORIAL | Cumprir a lei, simplesmente
O presidente Bolsonaro, que viajaria hoje para o resort Mar-a-Lago, em Palm Beach, na Florida, propriedade do ex-presidente Donald Trump, que tenta se vender como sofisticado mas na realidade não passa de monumento à cafonice e fonte permanente de incômodo para seus vizinhos, estes sim sofisticados na maioria, passou os últimos quatro anos buscando um novo mandato. E assumindo claramente que o faria pelo bem ou pelo mal, hora dizendo contar com “seu” exército, hora pregando e facilitando o armamento de civis e, por fim, tentando desacreditar o sistema de votação. Como no caso de seu hoje anfitrião, nada deu certo, com o agravante a seu desfavor de abandonar o mandato antes de completá-lo.
Ainda assim conseguiu deixar suas marcas e da pior forma possível, conforme atesta o tosco terrorista preso em Brasília esta semana, depois de tentar explodir um caminhão carregado de combustível e assim, no seu entendimento, provocar o caos que levaria ao estado de sítio e à suspensão da posse. Segundo ele, tanta ousadia por conta da pregação de Bolsonaro, pregando o armamentismo civil, que entendia como espécie de seguro para a democracia. Dono de um arsenal pelo qual declarou ter pago R$ 160 mil, quantia muito acima do poder aquisitivo de um gerente de posto de combustível no Pará, que também se permitiu o luxo de passar mais de mês em Brasília “acampado” para defender o golpe, está comprovado que este indivíduo não agiu sozinho ou por conta própria.
Evidente que tem algo mais, como no caso do bloqueio de rodovias ou nas manifestações em frente a quartéis, tudo articulado, apesar dos vexames que não foram poucos, e com alguém pagando a conta da pregação contra a democracia e explicitamente a favor de um golpe de Estado, numa escalada que ninguém pode assegurar que comece a regredir. Daí providências já anunciadas para reforçar os esquemas de segurança no domingo, dia da posse, e a proteção do eleito. Resumindo, estamos todos, brasileiros, diante de riscos graves e de toda uma coleção de crimes que não podem ser varridos para debaixo de algum tapete, postos de lado em nome de suposta reconciliação.
Cabe entender que toda essa movimentação correu por conta de um pequeno grupo articulado, escudado por inocentes úteis que também, considerado o todo, não foram muitos, enquanto pesquisas de opinião atestaram que pelo menos 75% da população não concorda e não avaliza nada do que está acontecendo. Resumindo, e tendo em conta que as ditas forças de segurança foram no mínimo lenientes nestes dois meses, só se pode esperar para frente que se aplique a lei, com rigor, não por desejo de um governo, um governante ou grupo político, mas exclusivamente em defesa do Estado brasileiro.
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