Opinião

EDITORIAL | De volta ao rumo certo

EDITORIAL | De volta ao rumo certo
Antes da isenção, a cobrança dos tributos sobre a gasolina era de 79 centavos por litro e sobre o etanol, que contava com um diferencial tributário a carga era de 24 centavos Crédito: Divulgação

Desde que o ex-presidente Temer decidiu, atendendo a interesses que absolutamente não são os nossos, que os preços de derivados de petróleo no mercado interno seriam regulados em paridade com os preços internacionais, produziu-se um desastre que a agora se tenta corrigir. Para começo de conversa, o novo presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, cuidou de recolocar as coisas nos seus devidos lugares, afirmando que política de preços é questão do governo, não da estatal, dando a entender que mudanças não tardarão. É preciso e é urgente, sobretudo para um país em que pelo menos 60% das cargas são movimentadas em caminhões que utilizam óleo diesel como combustível. Aos que ainda dizem que a empresa deve ser orientada para o lucro e para os interesses de seus acionistas só cabe lembrar que o maior deles é justamente o Estado brasileiro.

Um conceito fundamental, atrelado à própria razão de ser da Petrobras desde a fundação no início dos anos 50, no século passado, mas subvertido a partir de ideias equivocadas ou enviesadas. A quem pensa diferente preocupa menos as reações da Bolsa de Nova York e muito mais o impacto que os preços dos derivados de petróleo possam ter sobre toda a população brasileira. Esta é a questão central, que para frente, espera-se, será tratada numa perspectiva bem diferente. Isso demanda, de pronto, mais conhecimento e melhor entendimento sobre os custos que a estatal suporta, desde a extração do petróleo até a entrega do produto final.

Parte da resposta, evidentemente, será encontrada por meio dessa contabilidade elementar, que apontará a margem de manobra possível, sem que sejam comprometidos também os investimentos futuros da Petrobras. Será igualmente fundamental que os investimentos futuros sejam reorientados para o refino, transformado em elo fraco da cadeia porque, se existem grandes excedentes de óleo cru, ocorre o contrário com relação a refinados, que nos últimos anos voltaram a ser importados. Assim, construir as mudanças almejadas significa precisamente garantir que a autossuficiência seja plena, mesmo com uma transição em que haveria formas de compensação menos onerosas para o consumidor final.

Eis o caminho a ser construído, uma possibilidade real desde que as avaliações e ponderações sejam feitas livre do conceito absurdo de que a Petrobras teria autonomia para fixar os preços de seus produtos, livre de quaisquer ingerências e tendo em conta exclusivamente o interesse de seus investidores. O mal está feito e custou muito caro ao País, o que só reforça a ideia de que a correção de rota não apenas é necessária como absolutamente factível.

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