EDITORIAL | Defender o que é nosso
Segunda-feira, primeiro dia da nova administração do País, a Bolsa de Valores fechou em baixa, com queda mais acentuada nos papéis da Petrobras. Efeito, asseguram os analistas da conveniência, dos primeiros anúncios e decisões tomadas em Brasília, muito em especial a paralisação do processo de privatização da Petrobras, que o governo anterior felizmente não conseguiu levar a cabo. Se foi ruim para o mercado, se as sensíveis bolsas de valores, aqui e no exterior, acusaram o golpe, a primeira conclusão é de que o novo governo acertou.
Falar de Petrobras, hoje, felizmente, significa também falar da empresa que controla reservas de petróleo que se contam entre as maiores do planeta, significa falar daquela que detém a melhor tecnologia, com exclusividade em alguns pontos cruciais, de exploração em águas profundas. Falar da Petrobras significa, potencialmente, de trilhões de dólares. Verdade elementar que permite compreender lamentos de especuladores mundo afora, mas absolutamente não justifica que brasileiros – patriotas? – entendam que privatizar, obviamente sem chances para mãos brasileiras, seja o melhor negócio a ser feito.
Já foi dito, mas tem que ser repetido quantas vezes forem necessárias. Trata-se exatamente do oposto e esta não é uma decisão política, que possa ser carimbada como “de esquerda”. É decisão, por elementar, estratégica, diz respeito diretamente à posição do Brasil na economia global, diz respeito a sua independência no que toca aos interesses e controles impostos pelas potências econômicas ocidentais. Temos petróleo e controlá-lo, refiná-lo e distribuí-lo é o caminho real da independência, conforme deveria ter ficado suficientemente demonstrado na crise do petróleo nos anos 70 do século passado.
A crise, desenhada para forçar o aumento de preços a um nível nunca atingido, bastou para comprovar a relevância da autossuficiência e levou o Brasil a persegui-la, a desenvolver prospecção e extração em águas profundas e, melhor, a um sucesso que nunca chegara a ser imaginado. São fatos, é a realidade que ninguém tem como modificar, mas que ainda assim os grandes interesses que podem perder a disputa, tentam a todo custo ocultar e deturpar. No passado dizendo que não teríamos capacidade, agora apontando a empresa como um antro de corrupção, que, se existiu ou existe, pode e deve ser atacada com máxima energia, o que absolutamente não significa abatê-la.
Como foi dito acima, para quem de fato pensa e defende o Brasil, as reações às decisões anunciadas só podem ser vistas e comemoradas como um acerto a ser aplaudido e defendido.
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