EDITORIAL | Dependência de alto risco

Tanqueiros, peças essenciais no abastecimento de combustíveis líquidos, voltam a ameaçar paralisação, reclamando que não têm como suportar o aumento de custos no setor. Reclamam, especialmente, redução na cobrança de ICMS sobre o óleo diesel, pedem resposta imediata enquanto o governo do Estado pede tempo, responde que estuda alternativas, antecipando que não vê solução antes do mês de julho.
Uma situação limite, tudo faz crer, com implicações já suficientemente conhecidas e com aval dos demais setores de transporte de cargas sobre rodas, que se declaram no limite da capacidade de resistência, operando, segundo o Sindicato do Transporte de Cargas e Logística do Estado de Minas Gerais, com margens próximas a zero.
Uma situação preocupante, especialmente delicada num país em que a movimentação de cargas ocorre, preponderantemente, por meio de caminhões que utilizam o óleo diesel como combustível. Encontrar uma solução que signifique o reequilíbrio econômico do negócio passou a ser questão impositiva, sob pena de uma nova paralisação que, para além de comprometer o abastecimento, fragilizará ainda mais a já muitíssima abalada economia interna.
E cabe notar, por oportuno, que o problema é para o transporte urbano e rodoviário de passageiros, além do transporte individual, táxis e aplicativos, todos incapazes de suportar os frequentes aumentos dos derivados de petróleo, como se sabe hoje vinculados à paridade com o mercado internacional, onde a especulação condiciona as variações para cima ou para baixo, sem que nenhum elemento racional as explique. Tudo isso e mais a carga tributária, tão desarrazoada quanto à paridade, transformada numa espécie de fórmula mágica para reforçar os combalidos cofres públicos.
Nada de novo, se não seu agravamento, a registrar nesta situação, que custa caro ao País, onerando preços, num risco que não parece calculado e acaba sendo mais um freio para a tão ansiada retomada da economia. Resumindo, mais uma daquelas situações em que se pode afirmar que como está não pode continuar, pela simples e boa razão de que promessas ou “estudos” que nunca terminam não enchem tanques que, vazios, paralisam o País que tanto descuidou da diversificação de modais, comprometendo assim produção e abastecimento numa escala que não tem como ser suportada. Melhor acordar enquanto é tempo.
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