EDITORIAL | Desafios para novo governo
A Confederação Nacional dos Transportes (CNT) divulgou no início da semana seu Plano de Transporte e Logística, que, segundo a entidade, demanda investimento de R$ 1,7 trilhão para que a infraestrutura de transportes no País seja dotada de condições para atender a demanda presente e dos próximos anos no que toca à movimentação de cargas e passageiros. Para chegar a esta conclusão a CNT realizou estudos e levantamentos em todo o País, envolvendo os modais rodoviário, ferroviário, navegação interna e de cabotagem, além de terminais.
Foram consideradas, a partir dos estudos realizados, demandas locais, regionais e nacionais, visando alcançar uma estrutura integrada, a partir de nove eixos estruturantes e mais de duas mil intervenções. Sem fixar prazos ou estabelecer metas, os estudos agora apresentados correspondem a um esforço de planejamento tão inédito quanto ousado, chamando atenção, em especial, para as carências que ficaram bem evidenciadas nos acontecimentos de maio passado, quando a estrutura de produção no País foi virtualmente estrangulada como consequência da greve dos caminhoneiros. Igualmente relevante é o apontamento das limitações do transporte urbano de passageiros, que implica em restrições à mobilidade também críticas.
Os estudos igualmente apontam, indiretamente, o erro estratégico representado pela excessiva dependência de um único modal, justamente o rodoviário, menos eficiente e mais caro, especialmente num país de dimensões continentais como o nosso. Não sem motivos, portanto, à expansão da malha ferroviária está reservada a maior previsão de investimentos, num total de R$ 744,3 bilhões. Tudo isso, como explica a CNT, para ampliar a disponibilidade e melhorar a qualidade da infraestrutura de transporte, aumentar a eficiência logística e criar um sistema multimodal mais adequado às condições do País, portanto mais econômico também.
Prudentemente, a entidade não estabelece prazos ou apresenta qualquer tipo de cronograma para a efetiva realização de seu Plano de Transporte e Logística, ainda que apontado como destinado a “solucionar os problemas e promover os avanços necessários à infraestrutura de transportes no País”. Por evidente, as condições de momento impedem avanços nessa direção e, na mesma medida, expõem as proporções do gap a ser enfrentado, por certo um dos desafios para o próximo governo.
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