Opinião

EDITORIAL | Descoberta elementar

EDITORIAL | Descoberta elementar
Crédito: REUTERS/Sergio Moraes

Demorou e, depois de cogitar de ideias tão despropositadas quanto congelar aposentadorias e suspender pagamento de precatórios, políticos e a alta administração federal se aproximam do óbvio. Sem mágicas e sem aventuras, sem estourar o limite de gastos ou “pedaladas” que podem colocar o presidente da República na rota do impeachment, finalmente descobriram que há, sim, de onde tirar dinheiro para o programa de renda mínima, seja lá com que nome que ele venha a ser finalmente batizado. Talvez tenha faltado, para tão ocupadas excelências, tempo para ler jornais.

Conforme relatado, descobriram, finalmente, que podem cortar os supersalários e de uma maneira de elementar simplicidade. Simplesmente fazer valer o teto para os vencimentos de funcionários federais, equivalente a R$ 39,7 mil mensais, valor pago a um ministro do Supremo Tribunal Federal. É a lei, mas muita gente deve rir quando ouve falar dela, lembrando as artimanhas que fazem do tal teto bisonha ficção, ajudando o suposto limite máximo subir mais quatro andares e para muita gente. A ideia, que teria sido discutida em jantar com participação do presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia; do ministro Paulo Guedes; e mais o anfitrião, ministro Bruno Dantas, do Tribunal de Contas as União (TCU).

Feitas as primeiras contas, a conclusão é de que, dotada a medida, poderão ser poupados entre R$ 10 bilhões e R$ 15 bilhões, a cada ano, no orçamento da União. Ainda não fecha a conta, que poderá contar com mais R$ 8,6 bilhões que viriam da redução da jornada de trabalho de servidores e mais R$ 10,9 bilhões relativos a gatilhos que seriam desarmados. Assim a conta fecha e o programa poderá ser bancado sem riscos de um estouro nos gastos, garantem os autores das propostas.

Questão de vontade, de empenho real em encontrar solução para problemas que podem levar o Brasil e os brasileiros às cordas. A lamentar, apenas que tanto tempo tenha sido perdido, a um custo também elevado, para, no final, num jantar de conciliação entre o presidente da Câmara dos Deputados e o ministro da Economia, chegarem a uma fórmula que, em bom e claro português, significa apenas fazer aquilo que a lei, no caso do teto, já determina. Aguardemos, prudentes, para saber se existirá cacife para bancar aposta tão alta e, se houver, nos ânimos a sonhar alto, imaginando o dia em que as instâncias devidas resolvam cobrar dos beneficiados tudo que foi pago a mais. Literalmente, a pátria estará salva.

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