EDITORIAL | Destino da Petrobras

Foi dito, e não faz muito tempo, que a Petrobras fora sucateada pelos “ladrões” do PT, sendo preferível vendê-la a preço de liquidação a aguardar seu inevitável colapso. As investidas nessa direção, que são anteriores à própria criação da estatal e tem muito mais a ver com o controle de sua produção e de suas reservas, antes supostas, hoje confirmadas, ganharam força mais recentemente, com a privatização sendo dada como certa. Curioso ninguém pensar na importância das reservas confirmadas, entre as maiores do mundo, e o que elas representam para o Brasil, tanto economicamente quanto estrategicamente.

Como afinal considerar razoável, aceitável, renunciar a uma empresa, da qual a União tem controle, com pouco mais de 50% do capital, que nos seis primeiros meses do ano pagou dividendos que somaram R$ 179 bilhões? E como permitir, com os cofres públicos esvaziados, que ainda por cima parte desses dividendos seja paga antecipadamente? Definitivamente, e ainda por cima consideradas manobras realizadas para chegar a números tão generosos, convenientes apenas para o governo que sai, não há como engolir as contas e as pretensões do governo que está bem próximo de terminar.

Da mesma forma, como é preciso lembrar que bons resultados vieram bem mais depressa do que era dito pelos detratores da Petrobras, aqueles que não perderam tempo para dar a empresa como acabada, falida e desacreditada. Se era verdade, para eles, estariam agora na obrigação de explicar o porquê do tamanho de erro de julgamento. Ou ainda agora, em nome do “mercado”, repetindo preocupação com mudanças, prometidas pelo governo a ser empossado. Pode ser, de fato, que não sejam boas novas para donos de ações para os quais têm sido pagos dividendos que estão entre os maiores do mundo, o que por certo não dispensam as explicações reclamadas. Da mesma forma sobra a conclusão ou de que houve exagero nas avaliações de encomenda ou que a capacidade de reação da estatal se revela muitíssimo maior do que o dito e imaginado.

Razoes de sobra, em termos mais lúcidos, para o definitivo entendimento de que defender a Petrobras é defender o que temos de mais caro.