Opinião

EDITORIAL | Desvios são parâmetro?

EDITORIAL | Desvios são parâmetro?

Ainda que num discurso que, na maioria dos casos, é raso e inconsistente, fala-se muito em corrupção no Brasil, não faltando quem aponte a questão como grande responsável por nossos problemas. Uma lista mais incluiria, pelo menos, seriedade e competência, sobretudo da parte dos agentes públicos, dos quais se espera um compromisso que como regra é solenemente ignorado.

E não é de hoje, é a regra, fique claro antes que venham dizer que a culpa é desse ou daquele grupo político. Não se pode esquecer que nesse País, em se tratando de dinheiro público, dinheiro que sai do bolso do contribuinte, gasta-se muito e gasta-se mal, com desperdício que frequentemente vai além dos umbrais da responsabilidade.

Exemplos fartos nos são oferecidos ainda agora, em plena pandemia, que exige de todos comportamento plenamente cidadão.

Infelizmente não é o que tem sido visto, sendo bastante lembrar hospitais de campanha que foram construídos e não foram ocupados, hospitais que não foram construídos, respiradores superfaturados que não foram entregues ou chegaram incompletos, processo que se repetiu com medicamentos e até exames, tudo com o mais completo desleixo. Ou de que outra forma entender que no Rio de Janeiro equipamentos médicos foram comprados, entregues e nem sequer desencaixotados, enquanto grandes estoques de álcool gel perderam validade sem uso.

E tudo isso num País cujo déficit público já passa dos R$ 800 bilhões e a dívida pública se aproxima de alcançar o valor de tudo que é produzido (o PIB) ao longo de um ano.

Um outro caso, na linha do desperdício, nos chama atenção, produção e lançamento, sem qualquer discussão ou aviso prévio, das notas de R$ 200, absoluta inutilidade. Saíram do nada e sumiram no nada, porque erros grassos teriam sido cometidos na sua impressão, sem contar que não podem ser usadas nas máquinas automáticas do Banco do Brasil ou pessoas com déficit de visão.

Quanto custou mais essa aventura? Quem mandou fazer? Quem aprovou? Até agora nenhuma palavra a respeito, nenhum esclarecimento ou satisfação, já que o dinheiro gasto inutilmente não sai dos bolsos de quem pagará a conta, onde pode não ter faltado propinas também.

Ainda mais triste, se não grave, é que tudo isso parece pertencer a uma rotina que não chama atenção e à qual, de fato, ninguém dá confiança, como se tudo fosse permissível e natural, em constante e monótona repetição, apenas ajudando a cavar mais fundo o buraco em que nosso Brasil foi metido.

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