EDITORIAL | Em nome da razão
A medida em que pesquisas de opinião sugerem, aparentemente com maior grau de acerto, e embora as possibilidades de manipulação não devam sair do radar, ganham força e agilidade os movimentos daqueles que, sem qualquer cerimônia, desembarcam dos barcos que vão se distanciando dos prováveis finalistas. Esses movimentos, absolutamente previsíveis e na realidade repetitivos, exibem a fragilidade do sistema político brasileiro, onde parece só haver espaço para a conveniência. E nos ensinam que, apesar de tudo que aconteceu nos últimos anos, na prática muito pouca coisa mudou. E alianças de conveniência, sem o cimento das crenças e ideais comuns, duram apenas enquanto possam ser úteis, fragilizando a governabilidade e a gestão, produzindo como único resultado as dificuldades que o País enfrenta.
Não há sinais, infelizmente, de que mudanças tão esperadas e tão necessárias possam acontecer, não pelo menos a partir do caminho que vem sendo percorrido desde a redemocratização e quando o então presidente Sarney negociou a duração de seu mandato, enquanto, adiante e depois da aventura do caçador de marajás, o sociólogo Fernando Henrique Cardoso, dono das melhores credenciais, deixou suas virtudes de lado para negociar a possibilidade de reeleição, estabelecendo práticas que os dois governos seguintes cuidaram de repetir e, tudo indica, amplificar.
Cabe entender o que se passa e compreender também que depois das eleições ou os brasileiros se mostram capazes de construir uma trégua ou estaremos perdidos. Está tudo parado, ninguém toma decisões, o Brasil vai empobrecendo e os brasileiros também.
Postos de trabalho são consumidos por empresas que fecham as portas. Cabe à sociedade, fora do ambiente político-partidário tão deteriorado, impor que esse jogo seja virado porque não dá mais para ficar como está. Eis a verdadeira demanda da maioria dos brasileiros ou, na realidade, uma imposição aos gestores públicos e aos políticos, aqueles que só são capazes de enxergar seus próprios interesses e ao mesmo tempo não tem mínima consciência de seus deveres.
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É preciso mudar e o tempo claramente está se esgotando. O voto é a primeira ferramenta, desde que a escolha seja criteriosa e esteja focada na importância do Legislativo. Na sequência o caminho impositivo é a construção da trégua que abra espaço para ações propositivas. Só assim teremos alguma chance de voltar a enxergar no horizonte um Brasil melhor para todos nós, finalmente em condições de realizar suas potencialidades, gerando prosperidade que seja melhor partilhada, que promova de fato o bem comum. É possível e está ao nosso alcance.
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