Opinião

EDITORIAL | Em pauta os cassinos

EDITORIAL | Em pauta os cassinos
Crédito: Pixabay

Reza a lenda, e a bem da verdade sem qualquer comprovação histórica, que os jogos de azar no Brasil, proibido no final dos anos 40 do século passado, por imposição da Igreja Católica, que, nessa cruzada, tinha aliados muito fortes no então presidente Dutra e, em especial, na sua esposa. Cassinos então construídos, como Quitandinha, em Petrópolis, ou os da Pampulha e de Araxá mal chegaram a abrir as portas, o que não significa que nesses pouco mais de 80 anos o jogo tenha deixado de existir por um único dia, assim como a reabertura dos cassinos nunca saiu da pauta, agora curiosamente sob fogo das igrejas evangélicas pentecostais.

Nesse ambiente, a Câmara dos Deputados aprovou recentemente projeto que, adormecido durante décadas, foi finalmente votado, liberando, além de cassinos e outras modalidades, até mesmo o jogo do bicho e os bingos. Há quem diga que tenha sido um jogo de mentirinha, provavelmente uma cartada eleitoral que animaria a bancada evangélica com o veto do presidente da República. Não cabe especular, cabe apenas aguardar, embora já exista um bloco bem animado diante dos cálculos do relator do projeto, que estima em R$ 40 bilhões ao ano o faturamento direto da atividade, conta que inclui os R$ 18 bilhões das loterias de Caixa Econômica Federal, que paga em prêmios apenas 30% do valor arrecadado.

Um negócio ainda melhor se incluídos os ganhos das atividades de suporte, como hotelarias, transportes, alimentação, entretenimento e outros. Em resumo, coisa séria que deveria ser tratada a sério, nunca apenas uma jogada eleitoral. De qualquer forma, cabe também lembrar que nada disso quer dizer que o assunto esteja resolvido, posto que falta a deliberação do Senado e, só então, a sanção ou veto do presidente da República. E tudo, é devido esperar, como resultado de ponderações que precisam e devem ser aprofundadas, principalmente com relação a pontos básicos que são o destino preciso dos recursos arrecadados, mecanismos capazes de impedir a, digamos, marginalização da atividade, como já ocorre, e finalmente que não se transforme em mais uma fonte a irrigar a corrupção.

Em havendo tais cuidados e até mesmo barreiras, estaremos falando de um negócio que pode ganhar peso relevante nas economias de municípios, estados e da própria União, gerando emprego e renda às claras e pelas vias legais, ajudando também a acabar com a hipocrisia do mesmo Estado que proíbe o jogo, patrocina e opera loterias ou finge que não vê que quem gosta de cassinos e tem como bancar seu gosto só tem o trabalho de escolher o local que mais gosta, comprar passagem de avião, levando para o exterior moedas fortes que bem poderiam ficar no País, com o reforço de estrangeiros que fariam o caminho contrário. Como foi dito pouco antes, agora é esperar para conferir.

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