[EDITORIAL] Encontro e compromisso
Durante a campanha eleitoral que está chegando ao fim em alguns momentos, a temperatura subiu além do desejável. Faz parte, dirão alguns analistas, talvez recorrendo, a título de ilustração, a experiências anteriores. De qualquer forma, parece claro que a campanha de 2018 teve lances singulares, chamando atenção o fato de que, na corrida presidencial, num primeiro momento aparecia como líder o ex-presidente Lula, posição adiante reservada ao seu mais duro oponente, Bolsonaro, que agora as pesquisas apontam como o mais provável vitorioso. Salvo surpresas que parecem entrar nos cálculos de poucas pessoas, o resultado esperado representa uma guinada e, muito provavelmente, é fruto da decepção com aquilo que agora estão chamando de “velha política”. Alguns resultados no primeiro turno sugerem que a tese tem consistência.
Conhecidos os resultados é hora de esfriar, baixar a pressão e tratar de promover algum tipo de concertação. Não cabe mais falar em divisão, cabe sim lembrar que uns e outros prometeram, durante todo o tempo, fazer o melhor pelo Brasil e pelos brasileiros e outro, efetivamente, não pode ser o primeiro e mais verdadeiro objetivo da atividade política. Se este princípio não for aceito como verdadeiro na realidade sobrará pouco ou nenhum espaço para que sejam discutidas e trabalhadas as questões de fundo, aquelas que verdadeiramente interessam.
A primeira opção, a primeira escolha, será feita neste domingo e, ensina a democracia, determina o fim de um ciclo, para que outro comece imediatamente. Daqui para a frente trata-se de ser a favor não deste ou daquele grupo e sim do Brasil, com todos empenhados e trabalhando para que surjam propostas, surjam soluções e, sobretudo, surjam resultados que permitam ao País aproveitar sua potencialidade, traduzindo esse processo em resultados que beneficiem a todos. Eis o primeiro objetivo, o compromisso coletivo que deve estar acima de grupos ou de preferências e que em termos pragmáticos representa, na verdade, a única saída possível diante dos problemas que estão à frente. E da evidente urgência.
Daqui para a frente, é preciso acreditar, não haverá mais espaço, como aconteceu no passado, para o “quanto pior melhor”, a janela de quem só tem ambições e nenhum projeto ou alternativa para a construção do futuro. A trajetória possível, racional, calçada na democracia e na liberdade, é uma só, significa muito trabalho somado aos melhores propósitos ou, simplesmente, à confirmação, independentemente de que lado se possa estar, de tudo o que foi prometido durante a campanha eleitoral. Afinal é de se esperar que numa democracia a votação seja ao mesmo tempo um encontro e um grande compromisso coletivo.
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