Opinião

EDITORIAL | Entendimento, único caminho

EDITORIAL | Entendimento, único caminho
Crédito: REUTERS/Kevin Lamarque

O ano de 2020 termina, para a maioria, com claros sinais de alívio, de que o pior já passou, reservadas ao Ano Novo as esperanças de reconstrução e recuperação, propiciadas pelo avanço – e sucesso – do programa de vacinação em escala global, capaz de reverter a pandemia.

Igualmente pesam as mudanças na política, cujo sinal mais forte será a posse, dentro de 20 dias, do democrata Joe Biden na presidência dos Estados Unidos. Menos tensões, espera-se, e a possibilidade de mais racionalidade nas políticas públicas e convergência na busca de soluções para os problemas inevitavelmente associados ao processo de reconstrução, que para ser bem sucedido deverá ser também sinônimo de união.

Nesse contexto, o Brasil continua sendo uma incógnita porque se mantém desalinhado justamente como os dois países que combinam a maior parcela do poderio econômico e militar global, além de serem os dois principais parceiros comerciais do País. Com os Estados Unidos, país do qual o atual governo esperava ilusoriamente uma relação privilegiada, alguns dos erros cometidos poderão ter consequências pesadas.

Primeiro, a diplomacia brasileira, durante séculos reconhecida por suas qualidades, enveredou por caminhos duvidosos, bem simbolizados na demora em reconhecer o resultado das eleições nos Estados Unidos e, na sequência, ao adiar também qualquer aproximação com o futuro governo, sob o argumento tosco de que a posse ainda não aconteceu.

Portas estão sendo fechadas e outras não estão sendo abertas, bem ao contrário. A China, que este ano será responsável por cerca de 70% do saldo positivo da balança comercial brasileira, não é tratada com as mesuras diplomáticas que tal condição sugere. Ao contrário, e atropeladamente, o país tem sido constante e sistematicamente alvejado com futricas, alvo de preconceitos no resto do mundo há muito sepultados.

A China já demonstrou seu incômodo em mais de uma oportunidade, lembrando inclusive que sua paciência tem limites. A estratégia de confrontar simultaneamente as duas superpotências escancara os caminhos tortuosos em que se meteu a diplomacia brasileira, sugerindo algo muito próximo de um beco sem saída.

Reparar estes danos, e o quanto antes, não será tarefa fácil, ainda que absolutamente imprescindível. E, nos dois casos, isso significa, simplesmente, deixar de lado preconceitos que não fazem o menor sentido e, como deveria ser, colocar em primeiro plano os reais interesses do próprio País, focando as relações bilaterais no comércio e em investimentos, além da colaboração, em um e outro caso, despida de qualquer viés ideológico. Não cabem dúvidas de que tem que ser assim.

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