EDITORIAL | Especulação sem limites

Está mudando e ainda deve mudar muito nos próximos anos em função da substituição dos motores a explosão por motores elétricos, avanço que deve ganhar consistência, estima-se, entre as décadas de 30 e 40.
Assim o petróleo, matéria-prima nobre, cara e caminhando para a escassez deixará de ter a importância que tem hoje. Ou, claramente, tudo faz crer, deixará de ser a commoditie que governa a economia global.
Como já foi dito e repetido neste espaço, é preciso compreender bem este contexto para que se possa compreender também a contundência das reações às tentativas, no Brasil, de estabelecer algum controle sobre os preços dos derivados de petróleo, escapando à armadilha da paridade com as cotações internacionais, o que não faz o menor sentido.
Nos anos cinquenta, século passado, quando nascia a Petrobras, dizia-se que se tratava de uma grande bobagem, uma vez que em território brasileiro não existia petróleo. Melhor, mais prático, mais cômodo, continuar comprando – e dependendo – das petrolíferas internacionais, então as chamadas “sete irmãs” que governavam o planeta.
Nos anos 70 veio a Organização dos Países Exportadores de Petróleo, a Opep, tentando fingir-se árabe mas na realidade manipulada pelos mesmos interesses de sempre, então interessados por óbvias razões em elevar os preços do petróleo. Conseguiram e ao mesmo tempo promoveram o caos nas economias dependentes, ainda mais empobrecidas.
Não havia outra saída que não a autossuficiência, representando o fim da dependência e o Brasil foi dos países, no mundo, que saiu-se melhor nessa empreitada, desenvolvendo a tecnologia de prospecção e extração em águas profundas e confirmando a descoberta de reservas que estão entre as maiores conhecidas.
Chegamos assim à autossuficiência, um salto que pouco antes fatalmente seria comparado a alguma espécie de delírio. Capaz de prover suas necessidades, o País estaria livre da dependência externa.
Hoje, e apenas porque descuidou-se de fazer investimentos em refino, acompanhando a demanda, o País dispõe de óleo bruto em quantidade suficiente para atender suas necessidades e importa 20% de refinados. Tudo isso, como muito bem lembrou recentemente o presidente Jair Bolsonaro, num raro acerto, produz petróleo cujo custo final do barril não passa dos U$ 15, enquanto os preços internacionais variam atualmente entre U$ 80 e U$ 90.
Fácil entender que a tal paridade não tem lógica alguma e só atende a interesses que estão longe, muito longe, do Brasil, que deveria defender melhor a posição que lhe convém, seja na economia, seja estrategicamente.
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