Opinião

EDITORIAL | Espera que não tem fim

EDITORIAL | Espera que não tem fim
Crédito: Divulgação

O recrudescimento da pandemia fez mais do que frustrar as expectativas de que o ano corrente seria, para a economia, de recuperação. Não foi o que aconteceu, já sabemos, pelo menos no Brasil, onde os números continuam sendo revisados a menor, prolongando a agonia geral, num contexto de alarmante empobrecimento.

Vencida, ainda que a custa de remendos que adiante poderão se revelar comprometedores, a etapa da aprovação do Orçamento e embora persistam incertezas políticas relevantes também no sentido de travar a gestão pública, espera-se, talvez ainda na semana que está começando, o anúncio de medidas destinadas a socorrer empresas em dificuldades. Pelo que já transpirou, uma reação tardia e, pior, desproporcional com relação aos problemas a enfrentar.

Parece faltar imaginação, se não compreensão da gravidade da situação que o País enfrenta e em que, para milhões de indivíduos, a questão já se resume a sobreviver à inanição, imagem que se adéqua também ao mundo dos negócios. Pelo que já transpirou a respeito, não há muito que esperar, se não a reedição de medidas adotadas no ano passado, como a flexibilização da legislação trabalhista, com promessa de mais R$ 10 bilhões destinados a um tal Benefício Emergencial de Manutenção do Emprego e da Renda e mais R$ 5 bilhões para alavancar o crédito. Quem imagina que estes valores possam, no mundo real, significar pelo menos o start de um programa de recuperação vive em outro planeta.

De qualquer forma, quem está à míngua lembra que o necessário socorro, seja de que tamanho for, está demorando demais talvez porque falte ao governo senso de urgência, conforme aponta empresário do setor de serviços – bares e restaurantes – onde, no mês de março, nove em cada dez empresas não conseguiram fechar as folhas de pagamento. Ainda pior é a situação de quem atua na área de eventos, paralisada há mais de um ano e onde 800 mil postos de trabalho foram eliminados. Lembra, a propósito, o presidente da Associação Brasileira da Indústria Têxtil, que oferecer suporte às empresas seria mais barato que suportar as consequências do desemprego.

Trata-se, elementarmente, de abrir os olhos para enxergar o tamanho do buraco e, dessa forma, fazer com que de fato prevaleça o entendimento de que estamos todos numa situação de guerra, em que as alternativas precisam e devem ser consideradas a partir de real entendimento do que se passa. É preciso, portanto, fugir do convencional, pôr de lado programas de “ajuda” ou “emergenciais”, assumindo o desafio de quebrar todos os paradigmas e não sugerir que o empobrecimento, a fome e a desesperança possam levar a uma situação ainda mais caótica.

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