EDITORIAL | Esquecimento não é opção

Investigadores policiais, da vida real ou de romances, costumam dizer que quase sempre “seguir o dinheiro” é o caminho mais curto e mais fácil para chegar à autoria de um crime. Muito provavelmente a recomendação se aplica às investigações em andamento e relativas às manifestações, hoje restritas a pequenos grupos e, tecnicamente, esgotadas, contra os resultados da votação no dia 30 de outubro passado. Uma coleção de delitos, cabe ressaltar. Desde impedir a livre circulação de pessoas a ameaças às instituições e à própria democracia, com manifestações que prosseguem, minguadas, às portas dos quartéis reclamando um golpe militar.
Resumindo, para algumas pessoas, que estão longe, muito longe, de representar o conjunto da população brasileira, o jogo só serve se a vitória estiver garantida. Aquelas pessoas, algumas visivelmente fora de seu controle emocional, outras explicitando as arbitrariedades em curso e cometendo delitos variados, são possivelmente, apenas inocentes úteis, encobrindo manobras que evidentemente são protegidas pelas sombras. O que mais importa assinalar agora é que nada corre por conta do acaso ou traduz manifestações legítimas, aquelas próprias da democracia e que são o oposto do que ocorre agora.
Fácil então concluir que estas pessoas estão sendo manipuladas, eventualmente até pagas, para cumprirem o triste papel que estão cumprindo, dizendo que apenas defendem a liberdade enquanto pregam golpe militar. Como já foi dito, nada disso pode ser entregue ao acaso, com um esgotamento natural e sem consequências. Tal atitude, que não seria de conciliação e sim de omissão, foi repetida em outros momentos da história do País e nos custou bastante caro.
Simplesmente não podemos deixar o dito pelo não dito quando é perfeitamente possível “seguir o dinheiro” para chegar à autoria dessa coleção de despropósitos, que, repetindo, felizmente está longe e muito longe de representar a vontade da maioria dos brasileiros, que ao que tudo indica é também a dos quartéis.
Seguir as pistas, que não são poucas, e afinal saber quem de fato está pagando a conta e paga a desastrada articulação, na realidade falta de articulação, das últimas semanas, depende apenas de vontade. Até mesmo para que não se penalize, genericamente como vem acontecendo, o agronegócio como um todo e sim os que dizem agir em seu nome.
Resumindo, ignorar a sucessão de crimes cometidos, “passar o pano” com a desculpa da conciliação, não é opção e quem duvida que trate de observar o que se passa presentemente nos Estados Unidos, fonte de inspiração do pastelão ensaiado em nossas terras.
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