Opinião

EDITORIAL | Estratégia a corrigir

EDITORIAL | Estratégia a corrigir
Crédito: Nick Oxford/ Reuters

As potências industriais se movimentam para reduzir, ou eliminar, a dependência de importações de petróleo de derivados da Rússia, como defesa natural face à imprevisibilidade da situação no Leste europeu. E com esse objetivo até mesmo às portas do Brasil já vieram bater, com o pedido dos Estados Unidos, encaminhado pela Secretaria de Energia, que aumente a produção de óleo e assim incrementando as exportações que atualmente giram em torno de 2 milhões de barris/dia. O recado foi encaminhado ao ministro de Minas e Energia, que não apenas disse que a produção local está sendo elevada gradativamente, como antecipou que as estimativas são de um crescimento de 70% em 10 anos, chegando a 5,3 milhões de barris/dia.

Conseguir espaço entre os grandes produtores mundiais e ao mesmo tempo confirmar a existência de reservas que também figuram entre as maiores do planeta foi, há que se ressaltar, um feito extraordinário, na indústria do petróleo o mais marcante nas últimas décadas. E nada mal para um país do qual se dizia, nas alturas dos anos 50 do século passado, que criar a Petrobras seria um tiro na água – e de certa maneira foi mesmo –, uma vez estar comprovada a inexistência de reservas em território nacional.

Houve, porém, em meio a tanto sucesso, um equívoco pelo qual estamos pagando agora altíssimo preço. Todas as atenções e recursos foram concentrados na prospecção e extração, enquanto o refino foi deixado de lado, com o abandono de grandes projetos que hoje nos garantiriam plena autossuficiência e o País vivendo o paradoxo de exportar óleo e importar refinados. Enxergar as consequências desse erro estratégico e cuidar de corrigi-lo, o que além de recursos demanda tempo, deveria, agora, ser a tarefa mais urgente e em torno da qual governo, empresas e sociedade deveriam estar mobilizados. Na prática, no entanto, e apesar de todas as evidências, o que está sendo feito é exatamente o contrário, com virtual sucateamento das refinarias existentes, colocadas à venda a preços de liquidação. Para improváveis compradores, já que importar é muito mais lucrativo, na exata proporção que é lesivo ao Brasil.

Quem parar diante de uma bomba num posto de combustível facilmente entenderá o que estamos tentando demonstrar. Como um alerta que se somam aos anteriores, lembrando também que as mágicas que estão sendo discutidas atualmente para reduzir os preços internos, na linha de subsídios e o que mais seja nessa direção, terão efeitos reduzidos e de curta duração, produzindo quando muito a ilusão de que renderão votos na eleição de outubro.

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