Opinião

EDITORIAL | Estratégia e solução

EDITORIAL | Estratégia e solução
Crédito: Adriano Machado/Reuters

A produção agrícola brasileira avançou nas últimas décadas em ritmo galopante, colocando o País entre os principais players do mercado global, com ganhos de produtividade também notáveis. Áreas disponíveis, conhecimentos e experiência acumulada, além de condições climáticas predominantemente favoráveis ajudaram a transformar a realidade, em que o peso da produção local se limitava, primeiro, à cana-de-açúcar e na sequência ao café. Houve salto também na diversificação, com destaques para a soja e a proteína animal, cujo volume de produção e exportação nos conferem a primeira posição global.

Nesse processo evolutivo, que tem como principais marcos referenciais a criação da Embrapa e o aproveitamento das áreas de Cerrado, o agronegócio brasileiro já não está distante de ocupar a posição de principal produtor e fornecedor de alimentos no planeta. De imediato, no entanto, esta possibilidade está fragilizada pelo conflito no Leste europeu, envolvendo justamente dois países – Rússia e Ucrânia – que são os principais fornecedores de fertilizantes ao País, suprimento que pode ser interrompido, afetando pesadamente já o plantio na segunda metade do ano. Enorme risco e desafio de igual proporção, não necessariamente  fatalidade inescapável.

É o que está demonstrado pela Secretaria de Agricultura, Pecuária e Abastecimento no recente seminário sobre fertilizantes, políticas e estratégias de utilização.

A ideia central, busca de alternativas, propõe o uso de fertilizantes orgânicos, organominerais e remineralizadores, além de melhorias na análise de solos, buscando orientar e racionalizar o consumo. Nessa direção, a Embrapa já trabalha em cinco frentes de pesquisas envolvendo biofertilizantes, organominerais, fertilizantes não estruturados, agricultura de precisão e condicionadores de solo. Tais estudos levam a respostas que poderão ser utilizadas pelos produtores no curto prazo, sustenta pesquisador da Embrapa presente ao seminário, conforme noticiado neste jornal.

Também é importante notar que, tanto quanto encontrar respostas para as limitações atuais, os estudos apontam a direção da redução da dependência externa, além possivelmente da redução de custos. Trabalhar nessa direção, portanto, é o óbvio a ser feito, tanto melhor se no contexto do recém-anunciado Plano Nacional de Fertilizantes (PNF), que, se efetivamente cumprido, será o suporte esperado e necessário para que a tarefa seja levada a bom termo. E sem qualquer desvio, antes com reforço, na trajetória de sucesso do agronegócio brasileiro.

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