Opinião

EDITORIAL | Evolução ou involução?

EDITORIAL | Evolução ou involução?
Crédito: divulgação

Os sistemas de comunicação eletrônica, que sofreram enorme evolução nos últimos 20 ou 30 anos, transformaram em realidade o que pouco antes seria apenas ficção científica. Um avanço notável quando nos vemos diante de um telefone celular capaz de processar mais de um bilhão de informações por segundo, mas que ainda assim está ainda apenas no seu limiar.

É o que nos antecipam os cientistas, lembrando que está muito próxima a tecnologia 5G, que rapidamente transformará os aparelhos de hoje em peças de museu e farão da inteligência artificial algo de aplicação comum, rotineira, na vida individual, no trabalho e na produção.

Maravilhas de larga aplicação para ajudar a melhorar as condições de vida na educação e na saúde, por exemplo, sem contar os ganhos de produção e produtividade que se tornarão possíveis. Paradoxalmente, no entanto, a evolução esperada poderá representar também involução, potencializando os mecanismos atuais de comunicação que, ao invés de agregar, promovem a desagregação, com efeitos sociais e políticos comprovadamente desastrosos.

Quem lê este comentário certamente a estas alturas já se lembrou das fake news, que deseducam, podem destruir reputações ou mudar o destino, situação bem ilustrada no caso da manipulação, hoje virtualmente comprovada, que levou a Grã-Bretanha a se retirar da Comunidade Europeia.

E os ataques parecem não ter fim, exatamente o contrário. Como ainda agora, no dia das eleições nos Estados Unidos, quando foram disparados, via sistemas automáticos de telefonia, milhares, ou milhões, de ligações recomendando aos destinatários que não fossem votar, por conta do mau tempo ou dos riscos do coronavírus. O próprio FBI já investiga o que ocorreu, quer chegar a quem ordenou e financiou essa manobra. Enquanto essas conclusões não vêm, se vierem, basta indagar quem possa ter ganho com estas manobras para assim chegar aos culpados.

São ameaças que parecem não ter fim e cujo potencial destrutivo também parece não conhecer limites. Na Europa, países mais evoluídos já tratam dessa maneira a questão e cuidam de reagir com a força necessária, impondo controles aos operadores desses aparatos.

No Brasil, formalmente, o Congresso Nacional se ocupa do assunto, numa daquelas comissões que parecem destinadas a não ter fim, enquanto surgem notícias de que, com a aproximação das eleições municipais, o uso de robôs para atacar ou difamar políticos adversários continua avançando e fazendo estragos, embora seja relativamente fácil chegar aos autores.

Cabe repetir, cabe advertir e cabe à sociedade exigir que estes monstrengos eletrônicos sejam controlados, se não banidos pelo mal que representam.

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