EDITORIAL | Existe luz no fim do túnel

A pandemia, que se transformou em tormento no mundo inteiro, produziu e continua produzindo efeitos devastadores, a começar do número de vidas perdidas. Produziu também estragos de monta na economia, demandando um processo de reconstrução que será lento, exigindo esforços e recursos já comparados àqueles mobilizados pela reconstrução no pós-guerra, a partir de 1945 e ao longo da década seguinte.
São questões que podem ser vistas numa perspectiva positiva, a começar da exposição, ou desnudamento na sua forma mais perversa, das desigualdades preexistentes e agora perversamente amplificadas.
O lado bom, se é que a expressão se aplica diante do luto universal, reside na perspectiva de uma melhor compreensão da realidade e, consequentemente, do entendimento de que já não podem ser adiados esforços para redução das desigualdades entre indivíduos e entre nações, com o desenho de uma ordem econômica que seja ao mesmo tempo mais equilibrada, mais justa e mais racional.
E com destaque para o fato, muitíssimo relevante, de que agora, e ao contrário do já mencionado pós-guerra, parece brotar a compreensão de que reduzir a pobreza e as desigualdades é condição de estabilidade, de segurança, mas igualmente caminho que aponta para novas oportunidades de negócios e investimentos.
Um discurso novo, chancelado por organismos como o Fundo Monetário Internacional (FMI) e Banco Mundial (Bird) e que pode se transformar numa atitude nova. Conceitos como disciplina fiscal, abertura comercial e economia de mercado, pilares do modelo cuja fragilidade está agora suficientemente exposta, vão dando lugar a ideias mais arejadas, começando pelo melhor entendimento das pressões sociais, resultantes dos equívocos anteriores.
Tudo isso, no mundo desenvolvido, não mais entendido como discurso arrivista e sim como previsível reação daqueles que não tiveram ganhos com as políticas anteriores. Sintetizando, um planeta mais rico com uma população mais pobre, resultando num desequilíbrio ameaçador para uns e outros, algo que o coronavírus simplesmente escancarou.
Eis porque podemos, todos, estar diante de uma grande oportunidade. Recuperar a economia global significa desconcentrar a renda e assim ampliar mercados e oportunidades, tornando possível investimentos numa escala inédita, com resultados que além de rápidos poderão ganhar proporções inéditas.
Para estudiosos, algo evidenciado no conteúdo do pacote de investimentos de U$ 2 trilhões anunciado nos Estados Unidos, concentrado em infraestrutura e geração de empregos, que naturaliza o papel determinante do Estado e ao mesmo a taxação dos que têm mais e consequentemente podem mais.
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