Opinião

EDITORIAL | Faltou o polimento

EDITORIAL | Faltou o polimento
Crédito: REUTERS/Adriano Machado

Já foi dito, por alguém que hoje está distante dos holofotes, que a reforma política seria, para o País, a primeira e mais importante. “A mãe de todas as reformas”, chegou a dizer, acrescentando que obrigatoriamente deveria anteceder as reformas do Estado, administrativa, do sistema previdenciário e tributário.

Mas um daqueles casos, infelizmente tão comuns entre nós, em que a distância entre o que é dito e é feito acaba se revelando demasiadamente grande. Um fato que ajuda a explicar o que ocorre presentemente, nos campos político e da gestão pública, da mesma forma que faz entender os desvios condenados nas campanhas políticas e largamente praticados no exercício da política.

Algo tão importante, fundamental mesmo, mas deixado de lado porque, na prática, altamente inconveniente para os grupos que literalmente tomaram de assalto o Estado brasileiro, avalizando e estimulando toda sorte de desvios e fazendo do “é dando que se recebe” uma espécie de dogma, que tudo justifica, na ilusão de uma precária governabilidade que é feita exclusivamente de interesses, sem nada, ou quase nada, que aproxime a atuação dos agentes públicos das verdadeiras demandas e interesses abraçados pela coletividade.

Assunto antigo, na realidade arremate e acabamento da redemocratização, alicerce para a redação da nova Constituição que deveria ser o fecho das grandes transformações que dariam ao Brasil uma nova face e uma melhor perspectiva de futuro. Não aconteceu, simplesmente, e os resultados aí estão, com mais de trinta partidos políticos estabelecidos, impondo gastos inúteis e despropositados, tornando impossível a construção de coligações que legitimem a governabilidade a partir de projetos e plataformas, voltadas para os grandes objetivos nacionais. De outra parte, propiciam transações nada republicanas, mantendo o País ancorado no atraso, numa democracia formal, mais frágil e imatura, disfuncional não será exagerado afirmar.

São os nossos males e os nossos pecados maiores, aqueles portanto que requerem mais atenção, porque único e verdadeiro ponto de partida para a busca das melhores ambições da maioria dos brasileiros. Algo que não acontece exatamente porque é o mais importante, na mesma proporção que é o menos conveniente para os que enxergam na política apenas o caminho do poder, da ambição maior, quase sempre feita de conquistas e vantagens singulares.

Eis a medida da importância da reforma política, que em passado já distante foi apresentada como polimento final da redemocratização.

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