Opinião

EDITORIAL | Farsa sem tamanho

EDITORIAL | Farsa sem tamanho
Credito: Gil Leonardi/Imprensa MG

O funcionalismo público no Brasil constitui um mundo à parte, que, ao longo do tempo, num casamento de interesses com os políticos, foi acumulando vantagens e privilégios que os colocam num patamar único, começando pela estabilidade. Dizia-se no passado, como que a justificar a situação, que as tais vantagens eram pertinentes, uma vez que compensariam privilégios reservados à iniciativa privada. Cilada facilmente comprovável pelas filas intermináveis de candidatos a concursos públicos. Gente masoquista ou, ao contrário, à procura do que não encontram do lado de fora desse mundo à parte?

Certo é que, com o correr do tempo, com a cumplicidade de gestores públicos a conta da folha de pagamentos do serviço público, que só não é menor que os desembolsos com a dívida pública, tornou-se impagável, o que ocorre principalmente nos estados e municípios, já que a União dispõe de mecanismos para pelo menos disfarçar o buraco que vai sendo aprofundado na forma de crescente déficit público, enquanto estudos muito bem conhecidos apontam que, na média, um funcionário público ganha entre 20% e 30% a mais que seu equivalente na esfera privada.

Existem distorções, é claro, no sentido de que as benesses não estão ao alcance de todos, faltando também nesse aspecto o desejável equilíbrio. Certo é que estamos todos diante de uma conta que não tem como ser paga e, mesmo assim, políticos à espera dos votos que pingarão em outubro, propõem mais aumentos, na correnteza das tais correções que deveriam ser mais bem explicadas, enquanto, num efeito dominó, também coincidente com as eleições, pipocam greves e paralisações em todo o País, inclusive em áreas em que são constitucionalmente proibidas. Ao fim e ao cabo fica tudo por isso mesmo, com os querelantes exagerando nos pedidos, dizendo que defendem apenas correções, enquanto os patrões (?) oferecem frações do reclamado.

Nada diferente do que acontece em Minas Gerais, com demandas tão díspares que o acordo se torna impraticável, enquanto deputados tentam engordar o caldo, menos por senso de justiça e muito mais por oportunismo, uma vez que simpatia conta muito nessas ocasiões. O governador Zema vetou a proposta, manteve sua oferta, sustentando-a com argumento para o qual não existe resposta. O Estado, que até pouco tempo e durante anos atrasava os pagamentos, não oferece mais simplesmente porque não tem dinheiro para bancar a oferta.

Tao simples e tão verdadeiro, independentemente do que se possa pensar ou deixar de pensar o governador.

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