Opinião

EDITORIAL | Fazer da crise oportunidade

EDITORIAL | Fazer da crise oportunidade
Crédito: REUTERS/Dylan Martinez

A reunião dos vinte países mais ricos do mundo, realizada na semana passada e em caráter emergencial, indica, sem margem para dúvidas ou contestação, a extensão dos problemas que o planeta enfrenta no campo sanitário, ao mesmo tempo em que antecipa com igual dose de realismo suas implicações na esfera econômica.

Uma crise potencial de proporções absolutamente inéditas nos tempos modernos, cujos efeitos, sem medidas de contenção eficazes, poderão ser ainda piores que os da grande depressão do final dos anos 20, no século passado. Conscientes da realidade ou, antes, dos riscos que todos corremos, os líderes mundiais distribuíram ao final da reunião nota conjunta que, se tomada à risca, poderá mudar o rumo dos acontecimentos.

“O vírus não respeita fronteiras. O combate a essa pandemia exige uma resposta global com espírito de solidariedade, que seja transparente, robusta, coordenada, de larga escala e baseada na ciência. Estamos fortemente comprometidos a apresentar uma frente unida contra essa ameaça comum”.

E anunciaram que, em colaboração com organismos multilaterais como o Fundo Monetário Internacional (FMI) e Banco Mundial (Bird), estarão sendo adotadas medidas imediatas e vigorosas para apoiar nossas economias, proteger os trabalhadores, empresas e os setores mais afetados e amparar os vulneráveis com proteção social adequada. Nessa empreitada os integrantes do G-20 se comprometem a injetar U$ 4,8 trilhões, equivalentes a R$ 25 trilhões, na economia global.

Também se comprometeram a ampliar o financiamento à pesquisa de novos medicamentos, bem como avanços no campo científico que possam representar uma proteção mais ampla para todos, garantindo também o fluxo de suprimentos médicos vitais, produtos agrícolas e outros bens e serviços, garantindo saúde e bem-estar.

O presidente Jair Bolsonaro concordou ser vital proteger a saúde da população, mas ressaltou ser igualmente necessário proteger a economia e garantir empregos, especialmente para os mais vulneráveis.

São reações que evidenciam a gravidade do problema e propostas que, além de encaminhar soluções, poderão ser transformadoras. O mundo se dá conta de sua fragilidade e ao mesmo tempo evidencia que tem recursos para superá-la.

Se souber fazer das dificuldades, do medo, oportunidade para mudar, para construir uma economia mais equilibrada e solidária, o que significa mais trabalho e mais consumo para todos. Tal e qual foi cogitado nos anos de 2008 e 2009, quando foi prometido que a produção mereceria atenção e ênfase enquanto a especulação seria controlada.

Boas ideias postas de lado aos primeiros sinais de recuperação, que na realidade nunca aconteceu plenamente, situação que ajuda a explicar o que se passa presentemente.

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