EDITORIAL | Fazer mais e fazer melhor

A economia brasileira, medida pelo Produto Interno Bruto (PIB), recuou 4,1% em 2020, conforme dados levantados e divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Para efeitos comparativos, as maiores quedas ocorreram em 1990 (-4,35%) e 1981 (-4,25%) e, mais recentemente, 3,5% em 1991.
Em Brasília, com certo alívio, fontes do governo preferiam assinalar que o resultado para o ano foi melhor que as expectativas do próprio Ministério da Economia (-4,5%) e do Banco Central (-4,4%), enquanto o boletim Focus, que resume avaliações recolhidas junto aos principais agentes econômicos, chegou a apontar, ainda no ano passado, que a retração poderia chegar aos 7%.
Alívio relativo e muito menos fator de tranquilidade, mesmo sabendo-se que estes resultados são consequência direta da pandemia, com reflexos pesados no mundo inteiro e sinais de recuperação mais consistente apenas na China.
A questão, deixando de lado por um momento a pandemia, cujos desdobramentos são ainda incertos, apesar dos avanços em alguns programas de vacinação, é começar a desenhar as estratégias de recuperação, ficando bem entendidas as proporções desse esforço e reconhecidas, agora para valer, a necessidade de correção de distorções, notadamente aquelas identificadas na crise financeira de 2008/2009.
Olhando o mundo e sem esquecer de apontar de que em plena pandemia o processo de concentração da economia acentuou-se ainda mais, o que temos a esperar é que, passado o luto e o susto, surja finalmente uma visão mais racional, com melhor compreensão da importância da produção que gera riquezas e a condenação da especulação que gera ilusões.
Além de alimentar as desigualdades que fazem muito mal ao mercado e cada vez mais apontam o rumo de um desequilíbrio estrutural cujas consequências poderão ser fatais. Quanto ao Brasil só se pode recomendar, de imediato, que seja capaz de enxergar a realidade e que afinal os movimentos, principalmente a partir da esfera pública, sejam pelo menos mais coerentes.
Tudo isso também com a clara percepção que as dificuldades que se acumulam, numa proporção talvez sem precedentes, continuam representando também um alerta e uma oportunidade. Absolutamente não cabe duvidar, diante do que está sendo visto, que é possível, imprescindível, fazer melhor.
Uma primeira constatação que pode ser também o marco de mudanças que traduzam racionalidade nas relações humanas. Assim entendido o melhor uso dos conhecimentos, dos recursos, da tecnologia e da capacidade de produção primordialmente para o bem estar coletivo.
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