EDITORIAL | Fazer o melhor no Rodoanel

Fossem outras as condições e o Rodoanel da Região Metropolitana de Belo Horizonte, a estas alturas, estaria concluído ou muito próximo disso, ajudando a desobstruir o atual Anel Rodoviário, que perdeu por completo suas funções, e facilitando a circulação de veículos pesados no maior entroncamento rodoviário do País, além de contribuir para a efetiva integração da própria região metropolitana. Não foi o que aconteceu, todos sabemos, mas finalmente a solução parece mais próxima, financiada com recursos da mineradora Vale, como parte da indenização pelo desastre de Brumadinho.

O principal – recursos – parece resolvido, mas, para que o projeto possa ser finalmente concluído e aprovado, falta ainda o entendimento entre os municípios que serão diretamente afetados e o governo estadual, responsável pela obra. Importante assinalar que existem divergências de opinião, porém com o entendimento de que é preciso, sem delongas, chegar a soluções consensuais. Reuniões recentes entre as partes deixaram claro essa postura, movida pela consciência de que, primeiro, é preciso fazer o melhor e, segundo, não perder mais tempo.

Os críticos do projeto apresentado pelo Estado em parte têm razão quando apontam, por exemplo, que o traçado proposto corta regiões intensamente urbanizadas, um despropósito tanto em termos de custos quanto de impactos indesejáveis, inclusive no trânsito local. Segundo o que está colocado, a segunda alternativa aumentaria em 13 quilômetros o traçado do Rodoanel e ao mesmo tempo reduziria em R$ 1,5 bilhão os custos totais, principalmente pela redução das despesas com desapropriações e realocações. Se as contas estão certas e os aspectos técnicos e construtivos devidamente considerados, parece óbvia a melhor opção.

Outro ponto que vem causando polêmicas e sobre o qual não existe consenso diz respeito à Alça Sul, que passaria por Casa Branca até alcançar a BR-040 na altura do Jardim Canadá, em Nova Lima. São reações principalmente por conta de aspectos ambientais que não podem deixar de ser levados em conta. É preciso, no entanto, encontrar soluções, tendo em conta o adensamento populacional na região e que tende a crescer muito nos próximos anos, questão que não deve ser ignorada. Esta “perna” do Rodoanel poderia ser uma alternativa para a circulação na BR-040, transformada numa espécie de funil que, a partir do Belvedere, é gargalo para o qual é preciso encontrar solução.

As discussões atuais representam oportunidade única para que sejam encontradas as melhores alternativas e deixar de aproveitá-las é despropósito que escapa à razão.