Opinião

EDITORIAL | Ficção e realidade

EDITORIAL | Ficção e realidade
Crédito: REUTERS/Ricardo Moraes

Sem maiores explicações, bem ao seu estilo, e sem qualquer repercussão relevante, o presidente Jair Bolsonaro anunciou recentemente que tem a seu soldo um exército de 200 milhões de indivíduos. Nada mais foi dito e nada lhe foi cobrado a respeito e se adiante for eventualmente cobrado muito provavelmente repetirá que exagerou no calor de seus aliados.

Mais concretas e mais relevantes nos parecem conversas que correm em Brasília, e já chegaram à imprensa, dando conta de que militares de alta patente disseram a interlocutores comuns ao ex-presidente que os resultados das eleições serão respeitados. Também teria sido manifestado “grande incômodo” com as manifestações, isoladas, em relação à integridade do processo eleitoral. Resumindo, e ao contrário do que alguns tentam fazer crer, integrantes do Alto Comando já cuidaram de fazer saber que não querem e não pretendem ser envolvidos no processo eleitoral.

Para aqueles que, como nós, vinham manifestando preocupação com o tema, as notícias que agora vêm de Brasília, se verdadeiras, representam enorme alívio, no sentido de que se cumpra, simplesmente, o que está escrito na Constituição. Também cabe assinalar, sempre tendo como verdadeiras as questões colocadas pela imprensa, que as Forças Armadas, ainda que muito discretamente, fizeram muitíssimo bem em explicitar que não deixarão a única posição que lhes compete, no que cumprem seu dever e respondem à vontade majoritária da população brasileira. É o que dizem pesquisas respeitáveis, bem ao contrário do sugerido pelo bombardeio de fake news que se mantém ativo e tem origem já suficientemente esclarecida e conhecida.

Com a campanha eleitoral se aproximando de seus momentos decisivos, colocar água fria na fervura, mesmo com a inconsistência dos arroubos anteriores, é essencial para que a campanha possa correr dentro dos trilhos e que, como nos Estados Unidos, caso seja repetida a tática do ex-presidente Trump, não seja menor o fracasso diante das tentativas de desacreditar o processo eleitoral. Curiosamente, fazer da acusação de fraude a própria fraude. O importante sim, conhecidas as tendências que pesquisas de opinião têm recolhido, é não permitir que a importância da votação fique restrita às escolhas para o Executivo.

Para que o Brasil possa avançar, para que a higidez do sistema político seja alcançada, é fundamental que o Legislativo seja fortalecido, o que significa escolher bem, muito bem, seus futuros integrantes, cuja qualidade será vital para que política e gestão pública no Brasil possam, afinal, chegar mais próximas do interesse coletivo.

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