Opinião

EDITORIAL | Fome pode ser evitada

EDITORIAL | Fome pode ser evitada
"Troco Solidário" vai apoiar 36 ONGs de diversos estados brasileiro | Crédito: Freepik

Três meses de taxas negativas de crescimento econômico e, ensinam os economistas, um país, qualquer país, está tecnicamente em recessão e esta é a dura realidade do Brasil no momento. Nada porém que baste para abalar o mundo oficial, que enxerga a situação como passageira, esperando, já para o mês corrente, recuperação bastante para, pelo menos, apagar as indesejadas avaliações. Na realidade, em Brasília, pelo menos da boca para fora, fala-se que o País está muito próximo de ingressar num ciclo de recuperação, que poderá ser percebido já no próximo ano.

Fato é que, independentemente de avaliações que podem ser positivas ou negativas, construídas com argumentos que não raro estão mais próximos da manipulação, o fato objetivo é que o País empobreceu, num processo tão cruel que são exatamente os mais pobres que perdem mais, como a legião de desempregados e trabalhadores informais, uma população estimada em 30 milhões de indivíduos. Destes, uma parcela ainda mais desassistida encontra-se abaixo da linha da pobreza, não tem como sequer se alimentar dentro de padrões mínimos suficientes para garantir-lhes higidez. Uma realidade que está diante dos olhos de qualquer cidadão que vê alimentar, alarmantemente, a população de rua.

Não há como esperar, não há como deixar de enxergar ou se abrigar na posição cômoda de esperar que as soluções venham do Estado. É preciso reagir, na forma de uma grande mobilização imediata, convidativa para tantos quantos se tocam com o chamado espírito natalino que, domando na sua essência, conteria justamente a resposta tão necessária quanto urgente. Basta lembrar que pesquisa feita pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), em parceria com entidades alemãs, estima que 59,4% dos lares brasileiros sofrem com a insegurança alimentar. Apontou também que em Minas Gerais, mesmo antes da pandemia, cerca de 5 milhões de indivíduos faziam parte dos grupos que se enquadram na pobreza ou extrema pobreza.

Um mutirão de solidariedade é impositivo e poderia ganhar forma imediata com iniciativas relativamente simples, como melhor aproveitamento de sobras em restaurantes, supermercados e centrais de abastecimento onde o alimento que falta a tantas bocas é simplesmente jogado fora, quase sempre porque considerados fora dos padrões de comércio e não porque sejam impróprios para o consumo.

Jogam-se fora alimentos em quantidade suficiente para alimentar todos os que têm fome e este com certeza é o maior dos absurdos.

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