EDITORIAL | Futuro pode ser melhor

No Brasil as campanhas eleitorais são caras e, pior, permanentes, movidas pelas votações majoritárias, em que há possibilidade de reeleição, o que acaba por contaminar todo o processo político, ao mesmo tempo em que esvazia dramaticamente a gestão. Nesse espaço só há lugar para a conveniência e o futuro é a próxima votação, objetivo único dos participantes desse jogo capenga. Não nos parece nada difícil entender o que isto significa de ruim para o País, que, a rigor, nesse campo, não tem um projeto de futuro.
São considerações que nos ocorrem a propósito de recentes discussões em Belo Horizonte, tendo como mote o fim do ciclo minerário no Estado e a necessidade urgente de diversificação da economia.
Uma agenda que já está atrasada, pelo menos na perspectiva de quem conhece as consequências do fim do Ciclo do Ouro e, em seguida, do esgotamento da extração de diamantes na região de Diamantina, região que em pouquíssimo tempo passaram da riqueza à miséria extrema. Hoje a extração de minério de ferro, ao mesmo tempo fonte de recursos que são imprescindíveis ao Estado e de dúvidas relevantes quanto à maneira como se dá este processo. E tudo isso sem que seja percebido que a Vale, a maior das mineradoras em operação local, tem hoje seu principal centro de interesses fora do Estado, especificamente em Carajás, no Pará, a maior mina a céu aberto no mundo.
Com toda certeza enxergar o que se passa e suas consequências, vai muito além da questão ambiental e remete, necessariamente, à criação de alternativas, via diversificação, para a economia regional. Tudo isso, idealmente, num contexto maior, de verdadeira interação entre os setores público e privado, derivando num projeto permanente, de Estado, acima, portanto, da política e dos políticos. Com espaço inclusive para que a própria mineração seja revista, com aporte de tecnologias mais limpas e eficientes de prospecção e extração, visando sempre à agregação de valor à matéria-prima. Nesse ponto, apenas para reflexão, caberia indagar onde andam os projetos para extração de pedras preciosas, para o desenvolvimento da lapidação e ourivesaria.
O bom senso impõe que Minas Gerais não abandone, e não desperdice, suas vocações econômicas, em que existe ainda um longo campo a percorrer. Vale para a extração de recursos naturais, que nos são fartos, vale também para a agricultura e a pecuária, ambos entendidos no entanto como fonte de recursos aos quais é fundamental, e perfeitamente possível, a agregação de valor. Políticos que pensem mais nessas transformações e menos nas eleições é o que nos falta.
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