Opinião

EDITORIAL | Futuro pode ser melhor

EDITORIAL | Futuro pode ser melhor
Crédito: Alisson J. Silva/Arquivo DC

O processo de urbanização, acentuado a partir da industrialização ainda no século XVIII, ocorreu, quase sempre e em todo o mundo, a partir de núcleos centrais, que abrigavam comércio e serviços, além da administração pública. O “centro da cidade” era ao mesmo tempo ponto de convergência e de referência para os habitantes, situação que começou a mudar com a ampliação do acesso ao transporte individual, que facilitou a ocupação de regiões periféricas, os subúrbios, ao mesmo tempo em que ocorreu o afastamento das atividades industriais.

Mudanças que se reproduziram em todos os quadrantes, provocando o esvaziamento e desocupação, principalmente noturna, das regiões centrais, gerando sua degradação. No Brasil, que sofreu um processo de urbanização e degradação ainda mais acentuado, não foi diferente. Belo Horizonte viu a região central, talvez em menos de cinco décadas, passar da condição de principal ponto de referência para seus moradores, a um espaço degradado e inseguro, que repele quando deveria atrair a população, inclusive para devolver racionalidade à forma de ocupação desses espaços. E tudo isso, dizem os estudiosos, agravado pela construção da Cidade Administrativa, que retirou do centro da cidade os serviços públicos.

Uma questão relativamente antiga e para a qual voltam suas atenções o poder público municipal, além de empresas e entidades que representam o comércio varejista, fortemente impactado pela situação descrita acima. O projeto, apresentado no início da semana, soa consistente e prevê intervenções ao longo de pelo menos cinco anos, contando com recursos públicos, privados e, possivelmente, financiamentos. Trata-se, em síntese, de tornar a região central novamente atraente, o que demandará investimentos em equipamentos urbanos, mobilidade e segurança, com ocupação, para fins habitacionais, de imóveis em situação de ociosidade. Intervenções, cabe ressaltar, que ao contrário de propostas anteriores agora irão além dos limites, mais acanhados, do hipercentro.

Tornar a região, como propõe o prefeito Fuad Noman, o “Centro de Todo Mundo” é empreitada necessária tanto quanto ambiciosa e só poderá ser levada a bom termo se for consistente a convergência de interesses, com a melhor compreensão de que o sucesso só será encontrado nesse espaço.

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